Detento do presídio de Pedrinhas é escoltado por médicos, guardas e familiares após ficar ferido em briga entre gangues no local, em São Luiz, no Maranhão (REUTERS/Douglas Cunha/O Estado do Maranhao)
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2014 às 19h31.
São Luís - O esquema de segurança da casa de detenção do complexo de Pedrinhas, em São Luís, foi furado nesta segunda-feira, 13, por mais de 40 jornalistas que entraram na unidade sem autorização. Apesar de a assessoria do governo do Maranhão ter armado um esquema para impedir a entrada da imprensa, a segurança do complexo se mostrou falha, mais uma vez. Uma porta foi deixada aberta e a multidão de repórteres teve acesso aos presos, no começo da tarde desta segunda-feira.
Dentro da unidade, onde 62 presos foram mortos desde 2013, detentos reclamaram que a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado maquiou a situação dentro do local, encaminhando presos para outras prisões. Mesmo assim, a situação observada era de precariedade nas celas, e havia superlotação. Os presos afirmaram que são vítimas de tiros de armas de bala de borracha e que não têm assistência médica dentro do complexo.
Enquanto os jornalistas estavam no local, os presos ficaram indignados e começaram a protestar contra as tentativas dos agentes de retirar a imprensa. Um dos detentos jogou uma quentinha contra um dos funcionários. De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Estado, Luiz Antônio Pedrosa, é para evitar que o Estado tente maquiar a situação das unidades em que são necessárias as visitas-surpresas. Na sexta-feira, 10, o governo do Estado impediu a entrada da comissão de direitos humanos da OAB e da Assembleia Legislativa.
Maquiagem
Deputados maranhenses acusam o governo estadual de maquiar as unidades visitadas pela Comissão de Direitos Humanos de Senado. "Visitei muitos presídios no Brasil e vi muito isso: maquiagem", disse o deputado federal Domingos Dutra (Solidariedade). "Nós demos sugestões de visita ao Centro de Detenção e ao Presídio São Luís 2, que estão em situações graves, mas a direção do presídio fez outra programação e diz que, se os vereadores forem a esses locais, podem incentivar uma rebelião."
Presos afirmaram que vários detentos de celas superlotadas foram transferidos antes da visita dos parlamentares. O deputado federal Simplício Araújo (Solidariedade) afirma que os presos das alas mais problemáticas fazem greve de fome. "A intervenção é o melhor caminho para que a gente possa voltar ao normal aqui dentro", afirmou.