São Paulo - Um estudo inédito feito por um professor da Universidade de São Paulo (USP) estima que o Sistema Cantareira pode levar até oito anos para atingir um nível de segurança hídrica, que seria de 38,3% da capacidade.
Nesta terça-feira, 12, o índice real de armazenamento estava em - 9,5%. Considerando as duas cotas do volume morto como positivas, o nível sobe para 19,8%.
Pedro Luiz Côrtes, coordenador da Rede Internacional de Estudos Sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade, elaborou um modelo matemático que simula a recuperação do Cantareira levando em conta parâmetros estatísticos e ciclos climáticos, como a recente fase de esfriamento das águas do Oceano Pacífico, que impactam na redução de chuvas em São Paulo.
"Desde 1999, nós temos um resfriamento do Pacífico. Quando isso ocorre, como foi entre 1947 e 1977, a pluviometria média em São Paulo é de 1.300 milímetros, enquanto que no período quente fica em 1.500. É como se nós tivéssemos agora um mês muito chuvoso a menos por ano. Por isso, o modelo mostra que a tendência é de pouca chuva nos próximos anos e de uma difícil recuperação do Cantareira", afirma Côrtes.
Além dos registros de chuvas em São Paulo desde 1950, o professor também analisou o comportamento do Cantareira nos últimos 12 anos.
Segundo ele, na média, o manancial perde 30% da capacidade durante os meses de seca (abril a setembro, que se recuperam durante os meses chuvosos (outubro a março).
A partir desses dados, ele definiu que o nível de segurança para que o Cantareira não fique abaixo de zero ao final da estiagem é de 38,3%, que só deve ser atingido em 2023.
"O modelo mostra que o sistema já sinalizava uma dificuldade de recuperação desde 2011 e, em maio de 2013, já era possível prever que o verão de 2014 não seria chuvoso. Sob vários indicadores essa crise já estava anunciada. Não dá para falar que fomos surpreendidos", afirma Côrtes.
Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a chance de uma seca extrema como a atual era de apenas 0,6%.
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1. Desafio líquido
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1/18 (Thinkstock)
São Paulo - O Dia Mundial da Água, celebrado anualmente em 22 de março, é um marco para chamar a atenção da sociedade para a conservação deste recurso tão precioso e cada vez mais escasso. Veja a seguir 20 dados que mostram porque ainda faltam motivos para comemorar.
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2. 748 milhões
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2/18 (REUTERS/Sigit Pamungkas)
Ainda hoje, cerca de 748 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a uma fonte segura de água potável.
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3. 40%
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3/18 (Thinkstock)
O planeta pode enfrentar um déficit de 40% no abastecimento de água até 2030, se não melhorarmos drasticamente a gestão deste recurso precioso.
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4. 2.5 bilhões (ou quase 3 em cada 7 habitantes)
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4/18 (Valter Campanato/ABr)
Número de pessoas que não têm acesso ao saneamento básico adequado. Isso é quase 2/5 da população mundial. Mudar esse cenário é fundamental para promover a saúde e o desenvolvimento humano.
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5. 1,6 bilhão
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5/18 (Getty Images)
Quantidade de pessoas que vivem em regiões que sofrem com escassez absoluta de água pelo menos uma vez por ano. Até 2025, dois terços da população mundial pode ser afetada pelas condições críticas de água. Nessas regiões, mulheres e crianças são as mais afetadas.
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6. 6 quilômetros
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6/18 (Getty Images)
Essa é a distância que mulheres e meninas percorrem em média nas localidades rurais para buscar água nas regiões mais sedentas do mundo. E voltam carregando mais de 20 litros.
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7. 20 segundos
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7/18 (Zein Al-Rifai/AFP)
A cada 20 segundos, uma criança morre de doenças diarreicas, em grande parte evitáveis por meio de saneamento adequado, melhor higiene e acesso a água segura. Por ano, 1,5 milhão de crianças morrem do mesmo problema.
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8. 80%
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8/18 (Getty Images)
Porcentagem de doenças em países em desenvolvimento causadas por água não potável e saneamento precário, incluindo instalações de saneamento inadequadas
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9. 3,5 milhões
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9/18 (Getty Images)
Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no mundo por problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene, segundo a ONU. Mais pessoas morrem por conta de água contaminada e poluída do que de todas as formas de violência, inclusive guerras.
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10. 400%
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10/18 (Getty Images)
A demanda por água para a fabricação de bens de consumo deverá crescer 400 por cento até 2050 (em relação os índices de 2000).
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11. 20%
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11/18 (Luigi Mamprin)
As reservas subterrâneas têm diminuído. Estima-se que 20% delas são sobreexploradas, o que acarreta em deslizamentos de terras e intrusão de água salgada em áreas costeiras.
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12. 110 litros
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12/18 (REUTERS)
De acordo com a ONU, cada pessoa necessita de 110 litros de água por dia para atender suas necessidades de consumo e higiene. Em média, um americano consome 540 litros de água por dia. Na maioria dos países da Europa, o uso médio varia de 200 a 300 litros por pessoa, contra uma média de 15 litros em países como Moçambique.
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13. 1 bilhão
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13/18 (REUTERS/Rupak De Chowdhuri)
Um em cada sete habitantes do globo ainda defeca e urina ao ar livre. O hábito é comum entre metade da população da Índia, que carece de serviços adequados de saneamento. Em pleno século 21, tem mais gente com um celular no mundo do que com um banheiro em casa.
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14. 443 milhões de dias
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14/18 (Reuters)
É o tempo perdido de educação anual por conta de ausências na escola de crianças e jovens provocadas por doenças de veiculação hídrica.
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15. 2050
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15/18 (ChinaFotoPress/Getty Images)
Em 2050, estima-se que 2,3 bilhões de pessoas viverão em áreas sujeitas a estresse hídrico severo.
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16. 20%
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16/18 (Arquivo/Agência Brasil)
No total, a produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do Planeta. Mas esse número está aumentando e, em 2035, o crescimento populacional, a urbanização e o aumento do consumo prometem empurrar o consumo de água para geração de energia até 20%, segundo a ONU.
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17. 70%
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17/18 (Getty Images)
A agricultura é a atividade que mais consome água, representando cerca de 70% da demanda mundial. Mas além de tornar a atividade mais eficiente no uso de água, é preciso reduzir o desperdício de alimentos - hoje, desperdiçamos nada menos do que um terço de tudo que se produz. É recurso precioso indo pro lixo.
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18. 8.835 desastres
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18/18 (Divulgação)
A água é o principal meio através do qual a mudança climática influencia os ecossistemas da Terra e, portanto, o modo de vida e o bem-estar das sociedades. De 1970 a 2012, 8.835 desastres naturais causaram cerca de 1,94 milhão de mortes e danos econômicos de 2,3 trilhões de dólares globalmente, quase um Brasil em PIB, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM).