Usina de Belo Monte (Roney Santana/Divulgação)
Agência de Notícias
Publicado em 4 de outubro de 2024 às 18h57.
Última atualização em 8 de outubro de 2024 às 14h32.
Belo Monte, a quinta maior usina hidrelétrica do mundo, segunda do Brasil e a maior 100% brasileira, garantiu seu fornecimento de energia apesar da seca que reduziu o fluxo do rio Xingu, na Amazônia.
A diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia - empresa que controla Belo Monte -, Sílvia Cabral, explicou à EFE que, apesar da seca que a região está enfrentando no segundo semestre deste ano, a empresa espera manter seus níveis máximos de geração durante a estação chuvosa.
“As usinas hidrelétricas do norte contribuem muito (para o sistema elétrico) no primeiro semestre do ano. E as usinas hidrelétricas do sul têm um regime de geração diferente. Portanto, essa sazonalidade é regulada em nível nacional, e essa é a visão mais macro do setor elétrico”, explicou Cabral.
Belo Monte tem uma capacidade instalada de 11.233 megawatts (MW) e é responsável por atender 11% da demanda do país, mas em épocas de seca, como agora, sua geração se concentra nos horários de pico de consumo para cerca de 1.215 MW.
Essa variação se deve ao projeto da usina, que foi construída sem um reservatório por decisão do governo brasileiro, com o objetivo de minimizar a área de floresta que seria inundada.
Devido à seca, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou esta semana a situação de “escassez de recursos hídricos” na bacia do Xingu, onde Belo Monte está localizada, permitindo que as autoridades tomem medidas de mitigação para reduzir os impactos dos baixos níveis de água.
No início do ano, quando as chuvas são abundantes, a situação é diametralmente oposta. Em janeiro, a usina registrou um recorde de geração de eletricidade, atingindo a cifra de 4.278 MW durante o horário de pico, o que, na época, abasteceu 22 milhões de famílias com energia limpa.
Cabral ressaltou a importância de Belo Monte para a segurança do sistema elétrico devido à sua complementaridade com as usinas do sul, com um regime de chuvas diferente, e com outras fontes renováveis, que têm seus picos de produção em momentos diferentes das usinas hidrelétricas.
“Atendemos mais de 60 milhões de residências, somos a maior empresa do setor 100% brasileira. É uma energia renovável que chega a todo o país e satisfaz esse fornecimento. Além dessa flexibilidade, as hidrelétricas têm garantia firme de fornecimento de energia durante todo o ano”, acrescentou.
A executiva também falou sobre o processo de renovação da licença ambiental de Belo Monte, que está em análise pelas autoridades desde 2021.
Cabral explicou que o processo está dentro dos trâmites, e que “não é atípico” que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) leve anos para renovar as licenças, principalmente no caso de grandes projetos como Belo Monte.
“Apresentamos relatórios anuais ao Ibama, com todo o nosso cumprimento do plano básico ambiental, seja geral ou indígena, que também é entregue à Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas)”, detalhou.
Até o momento, a Norte Energia investiu mais de R$ 7 bilhões em ações ambientais.
Entre outros projetos, está desenvolvendo estudos sobre mudanças climáticas e distribuindo painéis solares e novas tecnologias de armazenamento de energia para comunidades isoladas na Amazônia que até agora tinham de usar fontes poluentes, como geradores a diesel.
“Há projetos relacionados a melhores tecnologias para monitorar a qualidade da água. Podemos dizer que todos os nossos projetos atuais estão ligados à sustentabilidade, seja do ponto de vista ambiental ou social”, destacou.
Cabral participou esta semana como palestrante da segunda edição do Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela Agência EFE em São Paulo.
O fórum foi patrocinado pela ApexBrasil, a agência brasileira de promoção de exportações e investimentos, e pela Norte Energia, e contou com o apoio da Vivo e da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil.