José Serra: "Foi um diálogo muito cordial e muito sincero sobre os pontos de vista de um lado e do outro" (Ueslei Marcelino / Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2016 às 10h46.
O secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, que questionou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, revelou nesta terça-feira que se reuniu ontem em Paris com o chanceler brasileiro, José Serra.
"Ontem tive a oportunidade de dialogar (...) com o chanceler Serra aqui mesmo em Paris. Foi um diálogo muito cordial e muito sincero sobre os pontos de vista de um lado e do outro", disse o ex-presidente colombiano (1994-1998) em uma entrevista à AFP.
O Senado brasileiro abriu no dia 12 de maio um julgamento de impeachment contra Dilma por suposta manipulação das contas públicas.
A presidente foi afastada de seu cargo e substituída pelo vice-presidente Michel Temer, à espera de que o Senado determine em até 180 dias se é culpada das acusações feitas.
Samper advertiu na ocasião que o julgamento poderia representar uma ruptura e expunha o Brasil à aplicação da cláusula democrática da Unasul, que contempla sanções aos países que se afastam da ordem constitucional.
O ministério brasileiro das Relações Exteriores respondeu com uma dura nota, na qual afirmava que os argumentos de Samper, "além de errôneos, deixam transparecer juízos de valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus poderes constituídos".
Na entrevista desta terça-feira, Samper disse que suas reservas não impediam o trabalho conjunto com o governo interino de Temer.
"Esperamos que respeitem este direito de defesa (de Dilma) e, evidentemente, enquanto isso seguimos trabalhando com o governo interino", declarou.
"Mantemos em vigor nossa preocupação, que não tem outro objetivo que não seja garantir que o desenvolvimento e o desenlace deste episódio seja um desenlace democrático e ajustado ao Estado de direito brasileiro", disse Samper.
"Expressamos isso ao chanceler Serra e ele compartilha a necessidade de que este julgamento contra a presidente seja realizado dentro do rígido respeito à institucionalidade brasileira", concluiu.