Protesto contra reorganização escolar na Avenida Faria Lima: o objetivo é separar as escolas por ciclos, entre anos iniciais e finais do ensino fundamental e do médio (Rovena Rosa/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 13h39.
O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse que a atuação da Polícia Militar (PM) para conter os estudantes que se manifestavam, ontem (1º) e hoje (2), em algumas vias da capital foi legítima e não houve excesso das autoridades.
Os alunos protestavam contra a reorganização escolar, determinada pelo governo estadual, que fechará 93 unidades de ensino em todo o estado e afetará 311 mil estudantes.
O objetivo é separar as escolas por ciclos, entre anos iniciais e finais do ensino fundamental e do médio.
Moraes justificou as ações policiais que resultaram na detenção de cinco manifestantes hoje e quatro na tarde de ontem.
Segundo ele, os alunos se negaram a cumprir o que determina a Constituição e desobstruir as ruas.
“As manifestações aconteceram com 20 a 40 alunos que se negaram a realizar o que a Constituição determina que é a livre manifestação e passeatas, desde que haja comunicação prévia, exatamente para que o poder público possa garantir a segurança dos manifestantes e dos demais”.
Ele reforçou que a Secretaria de Segurança Pública não vai permitir a obstrução das ruas da cidade, atrapalhando o direito de outras pessoas se locomoverem.
“Não é possível que 30 ou 40 pessoas obstruam toda uma cidade. Deve sempre se deixar uma ou duas faixas livres. Como hoje por exemplo, em uma região de hospitais, 30 alunos se negaram a deixar uma faixa livre”.
Na manhã de hoje um grupo de alunos interditou as quatro faixas da Avenida Dr. Arnaldo, no sentido centro, região de acesso para o complexo do Hospital das Clínicas.
Segundo Moraes, a secretaria tem as gravações das manifestações e das ações policiais, além da transmissão ao vivo de duas emissoras de televisão.
“Quem assistiu hoje viu que a polícia agiu na legalidade. É essa a indicação. A polícia fica mais de uma hora negociando com os manifestantes para que eles desobstruam a via e se eles se negam não é possível que poucas pessoas atrapalhem milhões de pessoas que estão indo trabalhar, estudar, que chutem e batam cadeiras nos carros. Isso é baderna e crime”, disse.
Ao ser questionado sobre fotografias em que policiais aparecem apontando armas para os estudantes, o secretário respondeu que as fotos pegam um determinado momento dos acontecimentos e não todo o decorrer dos fatos.
“Se nós constatarmos abuso de policiais, os abusos serão investigados e coibidos. A conduta da Polícia Militar, tanto ontem quanto hoje, foi dentro da legalidade. Não haverá nenhuma agressão gratuita. Se algum policial exagerar ele será punido”.
Sobre o caso da Escola Coronel Antônio Paiva de Sampaio (Osasco), depredada no último dia 30, o secretário disse que a perícia foi feita no mesmo dia e a autoria da destruição foi de uma das pessoas que ocuparam a unidade nos dias anteriores.
Ele contestou a acusação de estudantes de que policiais estariam envolvidos na depredação para colocar a culpa nos ocupantes.
“Precisamos verificar se são estudantes ou pessoas infiltradas no movimento. Nós temos, em várias escolas, a presença do [Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo] Apeosp e de pessoas do [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto] MTST. Então eu não posso afirmar que foram estudantes. O que eu posso afirmar é que foram ocupantes das escolas que fizeram isso”.