Hospital Albert Einstein: Letícia foi barrada na porta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Bolsonaro está internado desde o dia 7. (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de setembro de 2018 às 09h36.
Última atualização em 28 de setembro de 2018 às 09h59.
Rio - A poucos dias da eleição, a secretária-geral do PSL em São Paulo, Letícia Catel, foi afastada do cargo. A decisão foi tomada pelo presidente do partido de Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno, depois de desavenças com a empresária. Ela continua filiada à sigla.
Após a decisão, Letícia foi barrada na porta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Bolsonaro está internado desde o dia 7. O controle de acesso ao candidato tem sido organizado por Bebianno. Eles não quiseram comentar o caso.
Letícia era responsável pela área administrativa do partido. Ela cuidava, por exemplo, dos registros dos cerca de 200 candidatos em São Paulo. Também era presidente da comissão de ética e uma das principais interlocutoras entre os candidatos e a cúpula da sigla.
Quando ganhou espaço dentro do PSL, passou a fazer reuniões diretamente com Jair Bolsonaro, que conheceu por meio de um dos filhos do candidato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Essa movimentação em torno do presidenciável começou a incomodar Bebianno, segundo pessoas próximas a ele.
Letícia ainda teria ignorado ordens da presidência, fazia eventos sem consultar a cúpula e teria telefonado para Paulo Guedes, responsável pelo programa econômico de Bolsonaro, para dizer que ele deveria ir a uma entrevista na TV - opinião contrária à de integrantes da sigla.
"Em vez de cuidar da parte burocrática, ela começou a fazer articulações, criando uma série de problemas", disse um integrante da cúpula.
A relação entre Letícia e o presidente do PSL em São Paulo, o deputado federal Major Olímpio, também se deteriorou depois que a empresária se tornou "voz ativa" na sigla. Viagens dela junto com o candidato a vice, general Hamilton Mourão, em agendas pelo Sul do País também desagradaram à cúpula do PSL.
A movimentação teria sido feita justamente no período em que Mourão tentou ocupar um espaço na campanha, enquanto Bolsonaro estava no hospital e Bebianno, isolado. Major Olímpio não comentou.
Eleitores criticaram a saída da empresária na página de Bebianno no Instagram. Um dos usuários escreveu: "Tem que trazer a Letícia de volta, o movimento JB17 é mais forte unido".
Nos bastidores, Eduardo Bolsonaro estaria trabalhando para que a saída de Letícia seja revertida. Ele não comentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.