Brasil

"Se a gente não cuidar das pessoas este país vai implodir", reafirma Huck

Durante 12º Encontro de Líderes da Comunitas, apresentador repete tom político e bordão que utilizou no EXAME Fórum, em setembro

Huck: apresentador acredita em um modelo liberal acompanhado daquilo que chama de "afetividade" (Leonardo Benassatto/Reuters)

Huck: apresentador acredita em um modelo liberal acompanhado daquilo que chama de "afetividade" (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 16h22.

Última atualização em 25 de outubro de 2019 às 17h16.

Indagado sobre a possibilidade de ocorrerem no Brasil manifestações de rua semelhantes às que têm balançado o Chile nos últimos dias, o apresentador Luciano Huck, apontado como possível candidato à Presidência em 2022, disse que, se o Estado brasileiro não aliar políticas sociais eficientes às ações liberais, o País pode sofrer uma convulsão social em médio prazo.

"É óbvio que a gente tem que tentar construir um País eficiente em termos de gestão, mas ele tem que ser afetivo. Se a gente não cuidar das pessoas, este País vai implodir porque ele é muito desigual", disse Huck durante o 12º Encontro de Líderes da Comunitas realizado nesta sexta-feira, 25, em São Paulo. O apresentador havia dito algo bem parecido durante o EXAME Fórum.

Diante de uma plateia composta por governadores e alguns dos mais importantes empresários do País, Huck disse que o Chile, até pouco tempo apontado como exemplo de eficiência fiscal e de sucesso do modelo liberal, deve servir de exemplo para o Brasil.

"O Chile, quando você conversa com os liberais, até 15 dias atrás era o 'state of art' (estado de arte). Só que esqueceram das pessoas. Então virou exemplo de eficiência sem afetividade. O que está acontecendo no Chile tem que ser uma lição", disse o apresentador.

Huck, mais uma vez, se esquivou de responder se pretende ser candidato em 2022. Segundo ele, a discussão é prematura, faltando três anos para as eleições.

Questionado sobre as candidaturas avulsas, disse ser contra. O apresentador, no entanto, afirmou que pretende continuar participando e opinando sobre os grandes problemas nacionais.

O modelo liberal, disse, deve ser acompanhado daquilo que chama de "afetividade", sob o risco de a desigualdade social, em algum momento, gerar reações populares semelhantes à do país andino.

"Concordo com as teses liberais. O que eu tenho dito aqui na (Avenida) Faria Lima (centro financeiro de São Paulo) é que, se o País estiver crescendo, for mais eficiente, desburocratizado, com acesso ao crédito e se você puder sair na rua e não for assaltado, está bom. Está tudo certo. Mas existe um outro lado de São Paulo e do Brasil que precisa de muita atenção e o Estado vai ter que participar", afirmou Huck.

"Não acho que vá eclodir alguma manifestação popular no curto prazo no Brasil, mas se a vida não melhorar para valer...", sugeriu o apresentador.

'Proteção social'

Crítico dos governos do PT, Huck admitiu que o governo Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu levar até a ponta políticas sociais - algumas, segundo ele, iniciadas no governo Fernando Henrique Cardoso - que melhoraram a vida das pessoas.

"Outro dia fui para Bom Jesus do Piauí. Lindo. Quando você vai para os vilarejos ali você entende, com todo o respeito, o Lula é muito respeitado ali. Obviamente muito da política que veio da dona Ruth (Cardoso), tem uma herança de dois governos que trabalharam de forma contínua em projetos de proteção social. Mas quando você chega em Bom Jesus do Piauí, você chega na casa do seu João e tem um fio que veio de longe pra caramba, uma geladeira que ele não tinha, uma cisterna que custou R$ 3 mil e trouxe água que ele não tinha também, a família tem R$ 180 do Bolsa Família porque não tinha renda nenhuma. Bem ou mal é o Estado e a política pública que chega na ponta", disse Huck.

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