Schwartsman: reduzir os gastos públicos para aliviar o câmbio
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2010 às 16h50.
São Paulo - "A prioridade do próximo governo deveria ser atacar de uma forma mais séria a questão fiscal." A afirmação é do economista-chefe do Grupo Santander Brasil e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman.
O economista diz que "o Brasil tributa muito e gasta muito" em comparação com países que possuem renda per capita similar. Um estudo elaborado por sua equipe mostra que praticamente metade do crescimento do PIB desde 1994 foi absorvida por impostos.
Schwartsman, doutor em economia pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, é o primeiro entrevistado da série do site EXAME "Os desafios econômicos do próximo governo".
Entre os temas debatidos, está a fórmula de cálculo do superávit primário, que permite deduzir os investimentos do Plano de Aceleração de Investimento (PAC). "Isso tira a transparência do esforço fiscal. Se você quer fazer um superávit primário menor, faça e arque com as conseqüências, mas não fique inventado formas de mascarar o que está acontecendo na contabilidade pública", diz Schwartsman.
O ex-diretor do Banco Central "vê com reservas" o papel que o BNDES está assumindo e avalia que a economia brasileira já está madura para reduzir a meta de inflação. Schwartsman diz que a valorização do real é o preço do sucesso da economia brasileira e que os empresários, em vez de ficarem criticando o câmbio, deveriam brigar pela Reforma Tributária. "O jeito mais fácil de desvalorizar o câmbio é o governo baixar drasticamente o nível do gasto público, reduzindo enormemente a demanda. Com isso, a inflação ficará abaixo do centro da meta, permitindo que o Banco Central diminua os juros, o que aliviará o câmbio", ensina.