Brasil: casos no país somam 1128, segundo o último balanço (NurPhoto/Getty Images)
Karla Mamona
Publicado em 21 de março de 2020 às 21h56.
Última atualização em 22 de março de 2020 às 18h49.
O ministério da Saúde pode autorizar, até terça-feira (24), a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina para casos graves de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. A declaração foi feita há pouco pelo secretário executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis. Até lá, o ministério soltará uma nota com orientações sobre o uso dos medicamentos.
O secretário, no entanto, informou que a eventual liberação dos remédios terá caráter experimental e valerá apenas para pacientes internados em estado grave. Ele reiterou que os dois componentes têm efeitos colaterais fortes e não podem ser estocados para serem usados em caso de eventual gripe.
“Hoje, [os medicamentos] são usados em pesquisas clínicas, com autorização dos comitês de ética dos hospitais, em associação com outros medicamentos. Caso o Ministério da Saúde libere a prescrição, poderá ser usado para pacientes graves, internados em hospitais. Não é para ser usado por quem está gripado e acha que se tomar esse medicamento e não vai ter complicações”, destacou Gabbardo.
Nos últimos dias, foi divulgado um estudo realizado na França em que a cloroquina – usada para tratar a malária – e a hidroxicloroquina – prescrita para casos de artrite reumatoide e lúpus – diminuíram a contagem viral. Ontem (20), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que o governo norte-americano estuda a utilização dos medicamentos no tratamento do novo coronavírus.
Sobre a autorização do presidente Jair Bolsonaro para que o Exército amplie a produção dos medicamentos, o secretário-executivo disse que a medida tem caráter preventivo no caso de um eventual aumento da demanda futura. No Brasil, o produto é fabricado em laboratórios privados, das Forças Armadas e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Esses medicamentos já são fabricados no Brasil e existem nas farmácias. Em função da possibilidade da utilização para casos graves de coronavírus, estamos pensando na necessidade de ampliação da produção. É isso que o presidente autorizou: que o Exército possa ampliar a produção de medicamentos”, explicou. Ele lembrou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) restringiu a venda dos remédios com a retenção de atestado apenas para pessoas com as três doenças tratadas pelos medicamentos: malária, lúpus e artrite reumatoide.
Em relação à campanha de vacinação contra a gripe, que começa na próxima segunda-feira (23) para idosos e profissionais de saúde, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, relatou iniciativas de estados e de municípios para evitar a aglomeração de idosos em postos de saúde. Ele citou parcerias com escolas para vacinação em pátios, ambientes mais arejados, e o fechamento de acordo com farmácias, empresas e entidades do setor produtivo para evitar a concentração de pessoas em um único lugar.
Oliveira mencionou iniciativas para que profissionais de saúde levem as doses às unidades hospitalares e às clínicas para que os colegas se vacinem. Isso, afirmou o secretário, evita o deslocamento em massa de profissionais de saúde para os postos de vacinação. Ele também citou uma iniciativa do governo do Pará, que fará a vacinação no sistema drive-thru, em que o motorista não sai do carro.
O secretário reiterou a recomendação para que os governos locais adiem a vacinação em crianças. A campanha começa nesta segunda para idosos e profissionais de saúde. Na etapa seguinte, serão vacinados profissionais de segurança pública, doentes crônicos e pessoas com restrição de liberdade. Somente na última fase, a vacinação será liberada para as demais pessoas. Ele citou a simplificação do registro, com a coleta apenas do registro da vacina, não do nome do paciente, para diminuir o tempo de permanência na unidade.
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