IFA: no caso do Butantan, o envase foi interrompido na semana passada por falta de insumos da vacina da chinesa Sinovac (Erasmo Salomao/Ministério da Saúde/Divulgação)
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2021 às 14h01.
Última atualização em 17 de maio de 2021 às 14h12.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) receberá no sábado dois lotes do insumo farmacêutico ativo (IFA) da vacina de Oxford/AstraZeneca, com quantidade suficiente para envasar 18 milhões de doses, e o Instituto Butantan deve receber na semana que vem a próxima remessa de IFA da Coronavac, afirmou nesta segunda-feira o secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz.
Tanto a Fiocruz como o Butantan dependem da chegada de IFA enviado pela China para continuar o processo de fabricação dos dois imunizantes mais usados no país contra a covid-19. No caso do Butantan, o envase foi interrompido na semana passada por falta de insumos da vacina da chinesa Sinovac, enquanto a Fiocruz anunciou que interromperia o envase da vacina da AstraZeneca nesta semana até a chegada de um novo lote.
De acordo com o secretário executivo da Saúde, o governo recebeu a confirmação nesta segunda de que a China embarcará no dia 21, com chegada ao Brasil no dia seguinte, dois lotes que originalmente seriam enviados separadamente nos dias 21 e 28.
"A boa notícia é que hoje recebi a confirmação de que esses dois lotes vão ser embarcados no dia 21 de maio. Então, é uma quantidade suficiente para produção de aproximadamente 18 milhões de doses", disse Cruz em audiência da comissão temporária de acompanhamento da covid-19 no Congresso.
No caso do Butantan, o secretário afirmou que conversou mais cedo com representantes do instituto paulista e que há uma possibilidade de confirmação ainda nesta segunda-feira de chegada do IFA da Coronavac por volta do dia 25 de maio.
"Há uma expectativa, uma sinalização, para que isso chegue aqui por volta do dia 25, mas ainda pendente de confirmação por parte da China", afirmou.
O Butantan, que é ligado ao governo de São Paulo — cujo governador, João Doria (PSDB), é desafeto do presidente Jair Bolsonaro — afirma que o IFA está pronto e disponível na China, dependendo apenas de aprovação de envio pelo governo chinês.
O Butantan e o governador afirmam que recentes ataques de Bolsonaro à China têm interferido diretamente no cronograma de liberação de novos lotes de insumos pelos chineses. Nesta segunda-feira, Doria reiterou que o atraso se deve a uma "questão política e diplomática", mas demonstrou confiança em uma liberação em breve.
"Provavelmente teremos boas notícias amanhã sobre a liberação desses insumos", disse o governador ao participar de uma cerimônia de investimentos privados no estado, acrescentando que o governo paulista tem atuado diretamente junto com os chineses para viabilizar a liberação.
As vacinas da AstraZeneca e Coronavac são as duas principais em uso no país contra a covid, sendo responsáveis por 99% de todas as doses aplicadas, sendo 69% da Coronavac e 30% da AstraZeneca. A Pfizer representa o 1% restante.
O Butantan já entregou ao Ministério da Saúde 47,2 milhões de doses da Coronavac de um total contratado de 100 milhões, enquanto a Fiocruz entregou 30,1 milhões de um primeiro contrato de 104,5 milhões.
Até o momento, o Brasil vacinou 35,8 milhões de pessoas com a primeira dose, o equivalente a 17% da população, e 17 milhões com as duas doses (8% da população).