José Sarney com filhotes de labradores em foto oficial (Ricardo Stuckert / Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2014 às 10h40.
São Paulo – Alvejado há anos como um dos responsáveis pelos inúmeros indicadores sociais desfavoráveis do Maranhão – sendo o mais famoso deles o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – o senador José Sarney resolveu responder às críticas de que seria culpado pelo estado ocupar o penúltimo lugar no ranking elaborado pela ONU (veja tabela ao final).
Com IDH de 0,639, o Maranhão só não perde para Alagoas entre as unidades da federação. O nível de seu desenvolvimento é apontado como médio na classificação oficial das Nações Unidas.
Já o Brasil, com 0,727, tem IDH considerado alto.
Em sua coluna do último domingo no jornal O Estado do Maranhão, que pertence à família, Sarney questionou as razões de criação do índice.
Veja abaixo a transcrição do trecho do artigo que aborda o assunto:
“Espalharam no Brasil inteiro que o Maranhão é o mais atrasado estado do Brasil, de pior qualidade de vida e para isso caem de números falsos.
O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, criado pelos países ricos para abrir frentes de serviço para os países imperialistas, criado na década de 90, para as multinacionais entrarem para o setor de educação, universidades, como já ocorre no Brasil, fazer gigantescas obras de saneamento, entrar no setor de saúde e etc., estabeleceu que o desenvolvimento de um país se mede por ele, IDH. Sua criação é recente, data de pouco mais de 10 anos.
O Brasil, por exemplo, pelo índice com que os países ricos se medem a eles mesmos, o PIB, que é a soma de todas as riquezas nele produzidas, é a 6ª economia do mundo. Há séculos foi assim.
Pois o Brasil tem o 81º IDH, atrás de Gana, Iraque, Nicarágua e etc. Pois é esse índice que alardeiam quando querem falar mal do Brasil e pior do Maranhão, que é bandeira de luta da frente Boca do Inferno, que se diz mudança.
E o pior, sou eu o responsável pelo IDH há 50 anos, quando ele foi criado há 10 anos. Assim, eu há 50 anos já sabia que ia ser criado esse índice e comecei a persegui-lo para que o Maranhão fosse o pior dele. É séria essa gente?”
Defesa do maranhão
A intransigente defesa de Sarney de seu legado não surge neste momento à toa.
A frente que ele chama de “Boca do Inferno” é capitaneada por Flávio Dino, do PCdoB, adversário que tenta conquistar em 2014 o governo do estado, nas mãos da família Sarney e de aliados há pouco menos de cinco décadas, de forma quase ininterrupta.
Sarney acusa adversários de só falarem mal do Maranhão.
“Coitado do nosso estado, é difamado, insultado, vilipendiado e manchado no seu conceito. O que para nós era e é motivo de orgulho, tornou-se vilipêndio”, escreveu.
O político enumera ainda vários motivos para se orgulhar do estado, como a presença da “maior fábrica de celulose do Brasil" e da “maior fábrica de alumínio”, os importantes polos turísticos e até mesmo ele próprio, “o político que mais tempo passou no Congresso brasileiro do Império à Republica, com o maior número de mandatos, de deputado a presidente”.
Embora atuante na defesa de sua história, Sarney revelou no mês passado que não tentará a reeleição ao Senado pelo Amapá, onde eram reais a chance de que não se reelegesse.
Ele alegou que questões de saúde, dele próprio e de sua mulher, pesaram na decisão.
Aos 84 anos, o senador tem 59 anos de vida pública.
Os números não ajudam
Na mesma semana do pai, a governadora Roseana revelou que não concorreria nas eleições deste ano.
O clã político sofre ataques cotidianos de adversários pelos indicadores ruins do Maranhão em áreas como educação e renda.
Em termos de PIB per capita, a maior conquista do estado foi sair recentemente da última para penúltima posição entre as unidades da federação.
O estado aparece também entre os últimos em taxa de analfabetismo e expectativa de vida.
No auge da crise do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em janeiro, a governadora disse que um “dos problemas que está piorando a segurança do nosso Estado é que nosso Estado está mais rico”.
Confira abaixo o IDH de cada estado do país, do mais alto ao baixo.
Estados | IDH (2010) |
---|---|
Distrito Federal | 0,824 |
São Paulo | 0,783 |
Santa Catarina | 0,774 |
Rio de Janeiro | 0,761 |
Paraná | 0,749 |
Rio Grande do Sul | 0,746 |
Espírito Santo | 0,74 |
Goiás | 0,735 |
Minas Gerais | 0,731 |
Mato Grosso do Sul | 0,729 |
Mato Grosso | 0,725 |
Amapá | 0,708 |
Roraima | 0,707 |
Tocantins | 0,699 |
Rondônia | 0,69 |
Rio Grande do Norte | 0,684 |
Ceará | 0,682 |
Amazonas | 0,674 |
Pernambuco | 0,673 |
Sergipe | 0,665 |
Acre | 0,663 |
Bahia | 0,66 |
Paraíba | 0,658 |
Piauí | 0,646 |
Pará | 0,646 |
Maranhão | 0,639 |
Alagoas | 0,631 |
BRASIL | 0,727 |