Rio Pinheiro, na zona oeste de São Paulo: atualmente o rio tem zero de oxigênio (Mario Rodrigues)
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2014 às 21h52.
São Paulo - Tecnologias de despoluição aplicadas paralelamente ao programa que busca universalizar o tratamento de esgoto no Estado podem contribuir para devolver o oxigênio ao Rio Pinheiros, em São Paulo. Essa é a conclusão de um estudo conduzido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
O trabalho avaliou a eficácia de algumas tecnologias replicando as condições do rio. Assim, foram criados seis canais com a água do próprio Pinheiros e o mesmo ritmo de vazão. Em cada um foi aplicada uma das técnicas por 30 dias. Em outro canal era mantida a água sem tratamento, para controle.
As coletas mostraram que, em geral, as seis tecnologias foram capazes de aumentar a presença de oxigênio ao mínimo de 2 miligramas de O2 por litro. Na situação atual o rio tem zero de oxigênio. De acordo com o secretário Bruno Covas, essa elevação, juntamente com outras melhorias observadas, colocaria o rio em "classe 4" - o que seria suficiente para ele poder desaguar nos mananciais da Billings ou da Guarapiranga sem tratamento adicional.
"É claro que o maior investimento na despoluição do rio é no saneamento. E trabalhando na meta de universalizar a coleta e o tratamento até 2019. Mas o que vimos é que essas tecnologias podem ajudar", diz Covas. "O Pinheiros deixaria a condição de rio morto para um rio poluído, mas com oxigênio, sem odor e com aspecto melhor", complementa o secretário adjunto Rubens Rizek, que coordenou os trabalhos.
Indicadores
Também foram avaliadas a presença de sulfetos, responsáveis pelo mau cheiro; de nitrogênio e fósforo, que podem causar a proliferação de algas; de surfactantes, responsáveis pela espuma; de sólidos suspensos e a geração de lodo. Na maioria dos casos, houve melhoria.
Em um dos canais, a empresa que fazia o teste chegou a criar peixes no local, a fim de mostrar a saúde da água. A infraestrutura dos canais, construídos ao lado da Usina Elevatória de Traição, a captação da água, os estudos sobre a vazão e a fiscalização dos trabalhos ficaram a cargo de uma equipe multidisciplinar.
Reuniu técnicos da Cetesb, da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), da Sabesp, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, da Faculdade de Saúde Pública da USP e da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros.
Os custos foram pagos pelas empresas participantes. Metade delas aplicou tecnologias biológicas (uso de fungos, bactérias ou enzimas) e outra metade, físico-químicas (eletrocoagulação, flotação e oxidação). Os resultados foram entregues ontem para o governador Geraldo Alckmin e para o grupo de trabalho responsável pelo Plano de Despoluição dos Rios da Região Metropolitana de São Paulo. É esse grupo que vai avaliar a viabilidade econômica das tecnologias estudadas.
De acordo com Covas, o projeto só vale para o Pinheiros. O Rio Tietê não poderia se beneficiar dessas tecnologias por causa da diferença da poluição dos dois principais rios que cortam a capital. Enquanto no Pinheiros prevalece a poluição difusa (que vem dos dejetos levados pela chuva), no Tietê o maior impacto é do esgoto despejado irregularmente, que depende mais fortemente da melhora do tratamento de esgoto.