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São Paulo tem dia mais quente do inverno

Com quase 35º de máxima na capital paulista, esta quarta-feira (11) foi a mais quente para o mês de setembro desde 2015

Calor: algumas cidades do interior de São Paulo registraram mais de 40ºC (Conrado Tramontini/Getty Images)

Calor: algumas cidades do interior de São Paulo registraram mais de 40ºC (Conrado Tramontini/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 20h34.

Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 21h01.

A onda de calor em São Paulo e no interior do Estado mudou a rotina de muita gente. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, a capital paulista teve 34,5ºC, a maior temperatura do inverno neste ano, superando os 33,4ºC registrados na terça-feira, 10.

Ainda de acordo com o Inmet, foi a maior temperatura desde 2 de fevereiro, quando foi registrado 35,9ºC, em pleno verão. O calor foi tamanho que, ainda segundo o Inmet, considerando apenas meses de setembro, esta quarta-feira teve a maior temperatura desde 2015. Além do calor, o tempo também ficou seco. A umidade relativa do ar ficou em 25% na capital, segundo menor valor do ano. O dia mais seco foi 1º de fevereiro, com 24% de umidade.

Com o verão em pleno inverno, os paulistanos adotaram diversas táticas para driblar o calor. A aeromoça Simone Franco, de 33 anos, teve que ir às compras para garantir roupas mais frescas. "Estou com minha filha recém-nascida em casa e tivemos que sair às pressas para comprar roupas mais leves. A Maria Clara nasceu há 9 dias. Estou deixando apenas com body e cubro com fralda. Também estou dando mais de um banho durante o dia."

Ela conta que está planejando comprar um ar condicionado para amenizar o calor. "Moro em sobrado e na parte de cima é mais quente. Por isso, meu marido já está pesquisando para comprar um ar condicionado. Em dias quentes, fica tudo muito abafado. Não tivemos tanto frio neste ano, mas também não esperava temperaturas tão altas como nos últimos dias", diz.

A dona de casa Rafaela Galvagni, de 29 anos, ficou incomodada com a mudança brusca de temperatura. "É complicado e a saúde não aguenta. Um dia calor, no outro frio. Em casa, temos ligado o ar condicionado e o umidificador, porque o nariz também fica muito seco", disse. Rafaela também está dando mais banhos no filho ao longo do dia e tem se hidratado mais. "Dou um banho à tarde para refrescar e outro antes de dormir. Tomamos mais água e sucos de frutas mais refrescantes, como abacaxi", conta.

O coordenador de facilities Fábio Alcides, de 44 anos, diz que fica mau humorado com o forte calor, ainda mais no inverno. "Está muito ruim, a temperatura está muito alta e o tempo seco dificulta muito nossa rotina. É ruim para sair de casa." Para ele, dentro do transporte público também é difícil enfrentar o calor. "Quando está muito cheio, dá a sensação de que o ar condicionado não está funcionando direito."

E, de acordo com o Inmet, o calor deve continuar nesta quinta-feira, 12. Na capital, as temperaturas podem chegar aos 35ºC e, no interior, aos 40ºC. Já na sexta-feira, 13, a chegada de uma frente fria deve mudar o tempo.

Interior do Estado, 40ºC

A onda de calor também mudou a rotina de moradores em cidades das regiões norte e noroeste do Estado nesta quarta-feira, 11. Em Ilha Solteira, na divisa com Mato Grosso do Sul, a temperatura chegou a 41,6ºC na sombra, conforme medição feita às 13h50 pela estação de meteorologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Na terça-feira, a temperatura havia chegado a 40,6ºC. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou 39ºC na região às 16 horas. Na cidade de 26 mil habitantes, as ruas ficaram desertas na hora do almoço.

Em outras cidades da região, os termômetros indicaram recordes de temperatura para esta época do ano. O inverno só termina no dia 24, às 4h50 da madrugada, quando se inicia a primavera. Em Votuporanga, o clima era de alto verão, com temperatura de 39ºC e umidade relativa do ar de 15%, no início da tarde. Houve filas em sorveterias. Em Bauru, São José do Rio Preto e Castilho, a máxima também chegou a 39ºC. Em Rio Preto, segundo o Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas, a umidade relativa do ar baixou a 1,46%, o que fez a cidade entrar em estado de alerta.

Em Adamantina, a prefeitura suspendeu o trabalho externo dos servidores das secretarias de Obras, Saúde e Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente no período da tarde. Os funcionários permaneceram nas unidades em serviços internos. A coleta de lixo será antecipada em uma hora nesta quinta-feira, 12, e na sexta-feira, 13, para que os serviços sejam iniciados às 6 da manhã e concluídos até 11 horas. "Tal medida visa preservar a integridade física dos funcionários, evitando a exposição ao calor", informou o município. Nesta quarta-feira, os termômetros marcavam 38ºC à sombra.

Em Sorocaba, o calor de 36ºC foi agravado pela fumaça das queimadas. Doze crianças e três funcionários da Escola Municipal Professora Inês Rodrigues Cesarotti, no Jardim Bonsucesso, zona norte da cidade, passaram mal depois de inalar a fumaça do fogo em mato que invadiu o prédio, segundo o Corpo de Bombeiros. As vítimas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhadas para unidades de saúde. Após o incidente, as aulas foram suspensas.

Cuidados com o calor

A onda de calor que atinge o Estado de São Paulo levou o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) a alertar os motoristas sobre os cuidados ao dirigir nessas condições. "A primeira dica é, se possível, não dirigir em horários em que a incidência solar está mais intensa, ou seja, das 11h às 17h", informou. O órgão lembrou que, se não tiver como escapar do trânsito nesse período, as pessoas devem se hidratar tomando água, usando protetor solar e óculos escuros. "Uma recomendação geral é que o motorista não dirija se estiver cansado ou após ingerir alimentos pesados ou gordurosos. Esses alimentos podem causar sonolência ou até provocar algum tipo de mal-estar."

O presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, José Francisco Kerr Saraiva, afirma que temperaturas altas no inverno, como a onda de calor que acontece no Estado, podem representar riscos sérios para a saúde. "O primeiro ponto é que o calor excessivo pode ocasionar a desidratação, principalmente nos idosos, que muitas vezes são mais frágeis e tomam menos água. Para as pessoas que se expõem ao sol, há também o risco de queimaduras devido à incidência dos raios solares."

Ele lembra que as pessoas, em geral, não estão preparadas para enfrentar o calor fora de época. Saraiva recomenda que as pessoas procurem tomar muito líquido, façam o possível para se proteger do sol, usando protetores solares, sombrinhas e óculos de sol, e busquem permanecer em ambientes mais frescos. Também é recomendável evitar o consumo de alimentos perecíveis, cuja deterioração é acelerada pelo calor.

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