Temer: foi grampeado por Joesley Batista, o que levou à maior crise de seu governo (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de julho de 2017 às 12h19.
Brasília - O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) instalou um equipamento no gabinete presidencial, no terceiro andar do Palácio do Planalto, para evitar que Michel Temer seja grampeado em sua sala de trabalho. O aparelho estimado em US$ 7 mil está em fase de teste. O "misturador de voz", que pode ser ligado e desligado manualmente, provoca ruídos que impedem que seja entendido o que se fala em gravações sem autorização.
No fim do ano passado, o presidente foi gravado pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero, em seu gabinete, quando veio à tona o escândalo com o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, que exigia a liberação de um empreendimento em área tombada em Salvador. Temer foi grampeado também, no Palácio do Jaburu, pelo empresário Joesley Batista, do Grupo JBS.
O aparelho poderá ser instalado em outros ambientes de autoridades do governo federal. Primeiramente, o equipamento foi testado no gabinete do ministro-chefe do GSI, general Sérgio Etchegoyen, durante um mês. Depois, foi providenciada a sua instalação na sala de Temer e também na do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. Etchegoyen não comenta a decisão de segurança, mas a reportagem apurou que o testo foi considerado um "sucesso".
O sistema de misturador de voz não emite sinal sonoro capaz de ser captado pelas pessoas. Na gravação, no entanto, ela se sobrepõe as vozes das conversas, dificultando a compreensão do que está sendo falado. O equipamento em teste está verificando se funciona com gravações comuns, gravações de celulares ou de algum tipo mais sofisticado.
O misturador de voz também será instalado no Palácio do Jaburu, onde o presidente Temer foi grampeado por Joesley, abrindo a maior crise de seu governo e levou à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva. No Jaburu, o equipamento deverá ser distribuído por mais de um ambiente, a ser definido pelo presidente. Na sequência, o Palácio do Alvorada também deverá receber a proteção. No caso da proteção que será instalada no Jaburu, por exemplo, o presidente terá de levar o convidado para o ambiente com o equipamento já que ele não funcionará em todos os ambientes.
'Eficiência'
O misturador de voz é apenas um dos itens que estão sendo instalados no Planalto como parte do Programa de Proteção de Instalações da Presidência da República. Paralelamente ao equipamento, começarão a ser fixadas as câmeras de vigilância em todos os palácios. No Planalto, todos os corredores terão vigilância, até mesmo no terceiro andar, que dá acesso ao gabinete presidencial.
Este pacote de proteção não existia durante os governos petistas. Depois de fazer a reforma nos palácios, todas as câmeras foram retiradas e nunca mais foram recolocadas. Os equipamentos, que poderão começar a funcionar ainda no mês que vem, serão de vários tipos, até mesmo com visão noturna e inteligente, capaz de acompanhar os alvos em movimentos. Uma câmera deste tipo custa em torno de R$ 22 mil. Todos esse sistema de proteção está estimado em R$ 15 milhões.
Além das câmeras, o programa de proteção dos palácios inclui ainda a instalação de cancelas, pórticos, raio X, bloqueadores de gravação, os chamados "telefones seguros", com criptografia. O sistema é integrado entre todos os palácios e o controle é feito por um único setor, com um banco de dados, um video-wall, que já estava em funcionamento.