Sabesp: em setembro, a estatal rescindiu um contrato com a empresa responsável pela manutenção das estruturas de captação do volume morto (Divulgação/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2016 às 09h41.
São Paulo - O fim da seca extrema nos principais reservatórios paulistas ainda em 2015 e o início da temporada chuvosa agora em outubro na região Sudeste levaram a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a descartar, de vez, um retorno ao volume morto do Sistema Cantareira para manter o abastecimento de água a mais de 7 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
No domingo, 25, o manancial tinha 44,1% da capacidade, sem incluir a reserva profunda, índice superior ao registrado nessa mesma data em 2013, antes do início da crise hídrica.
Em setembro, a Sabesp rescindiu um contrato de R$ 4 milhões com a empresa responsável pela manutenção das estruturas de captação das águas profundas das represas Jacareí, em Joanópolis, e Atibainha, em Nazaré Paulista, e já deslocou parte das bombas flutuantes usadas na operação emergencial do Cantareira entre 2014 e 2015 para a transferência de água entre dois braços da Represa Billings no sistema de transposição para o Alto Tietê. O contrato com a Penascal Engenharia e Construção terminaria apenas em novembro.
"Diante das atuais condições nos reservatórios e das obras previstas para 2017 que aumentarão a segurança hídrica, não há previsão de utilizar os serviços previstos nos contratos", afirma a Sabesp, referindo-se à entrega da transposição de água da Represa Jaguari, na Bacia do Rio Paraíba do Sul, para a Atibainha, do Cantareira, prevista para abril do ano que vem e do Sistema São Lourenço, que vai abastecer dois milhões de pessoas na região oeste da Grande São Paulo a partir de outubro de 2017, segundo a estatal.
Em março de 2014, a Sabesp gastou cerca de R$ 80 milhões para comprar 17 bombas flutuantes e montar toda infraestrutura necessária para conseguir captar água do volume morto do Cantareira, reserva que fica abaixo do nível mínimo das comportas das represas.
A primeira cota começou a ser explorada em maio daquele ano e se esgotou em meados de novembro, quando a companhia já havia investido mais R$ 40 milhões para comprar outras 23 bombas e construir um canal subaquático para captar a segunda parcela do volume morto.
O Cantareira só deixou de operar no vermelho em dezembro de 2015, após o retorno das chuvas no mês anterior. Embora a entrada de água no sistema pelos rios só tenha ficado acima da média em janeiro e junho deste ano, o volume é 74% maior do que a média do ano passado e quatro vezes superior à registrada em 2014, a pior em 86 anos.
A última simulação sobre o comportamento do Cantareira divulgada pela Sabesp, em agosto, mostrava que se a seca de 2014 se repetisse nos meses seguintes, o que era considerado improvável, o manancial chegaria em dezembro com 28% da capacidade, sem contar o volume morto.
Para a Agência Nacional de Águas (ANA), o índice mínimo de segurança do sistema nesta época do ano, pré-chuva, era de 20%. Neste mês, o órgão autorizou a Sabesp a captar até 25 mil litros por segundo das represas, 9% a mais do que antes e o suficiente para atender 600 mil pessoas a mais. Foi o primeiro aumento desde fevereiro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.