Vista do coletor de água no sistema de abastecimento de água da Cantareira na represa de Jaguari em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2014 às 16h22.
São Paulo - A companhia de saneamento Sabesp afirmou nesta quarta-feira que não trabalha com a possibilidade de racionamento de água na região metropolitana de São Paulo, apesar do baixo nível das represas do principal sistema que abastece a região, o Sistema Cantereira.
Segundo o diretor econômico e de relações com investidores da empresa, Rui Affonso, um racionamento seria muito danoso e geraria gastos maiores.
"A Sabesp não trabalha com (a possibilidade) de racionamento. Estamos fazendo tudo para evitar", disse Affonso a jornalistas, após audiência pública na qual a empresa e a agência reguladora Arsesp divergiram sobre critérios de revisão tarifária.
"Racionamento é extremamente danoso para o consumidor e para a indústria. É uma operação de guerra. Os gastos para evitar serão menores do que os gastos de um racionamento", completou Affonso.
O executivo afirmou também que a empresa terá que "rebalancear as finanças" para 2014, já que seu plano de investimentos foi aprovado antes de os níveis do Sistema Cantareira, que abastece cerca de 10 milhões de pessoas na Grande São Paulo, chegarem a patamares críticos, atingindo 15,7 por cento nesta quarta-feira.
Embora tenha dito que, para manter a saúde financeira da Sabesp a empresa deverá cortar gastos, Affonso ressaltou que a redução de dividendos pagos aos acionistas "não está no radar".
Às 14h26, as ações da Sabesp exibiam alta de 1,42 por cento, a 21,44 reais, enquanto o Ibovespa subia 0,1 por cento.
Revisão Tarifária
A Sabesp e a agência reguladora paulista Arsesp divergiram em audiência pública nesta quarta-feira sobre os critérios adotados para a revisão tarifária das contas emitidas pela empresa.
A proposta atual da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) para o reajuste das tarifas da Sabesp é de 4,66 por cento, mas a empresa, controlada pelo governo paulista, afirma que o órgão estadual não apresentou motivos "coerentes" com a prática que vinha adotando.
A Sabesp pretendia inicialmente um reajuste de 13 por cento, mas o diretor de relações com investidores da companhia, Rui Affonso, afirmou a jornalistas após a audiência que o índice era "ponto de largada (...) O processo de revisão melhorou de um ano para cá", acrescentou sem informar o reajuste que a empresa considera como correto.
Por sua vez, a Arsesp questionou na audiência dados apresentados pela Sabesp, afirmando que o índice de perdas indicado pela empresa não corresponde à realidade.
Segundo representante da Arsesp que participa da audiência, a agência considera a perda efetiva de água ao longo do trajeto de saída da estação de tratamento e chegada ao consumidor, enquanto a companhia consideraria a diferença de volume produzido e volume faturado.
A consulta publica teve seu prazo de encerramento ampliado para até 19 de março, mas, segundo a Arsesp, isso não altera o cronograma final da revisão, previsto para abril e com aplicação sobre o faturamento a partir de 11 de maio.
Segundo José Bonifácio Amaral, diretor de regulação econômica e financeira da Arsesp, não esta previsto mais nenhum adiamento do processo, que deveria ter sido concluído em janeiro. Ele afirmou também que a situação do Sistema Cantareira não tem influencia no processo, já que a questão surgiu no inicio deste ano.