Sabesp: o objetivo era evitar o rompimento da barragem que pertence ao Sistema, nas cidades de Franco da Rocha e Mairiporã (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2016 às 16h10.
São Paulo - Quatro dias após decretar o fim da crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) teve de abrir as comportas da Represa Paiva Castro na manhã desta sexta-feira, 11, entre as cidades de Franco da Rocha e Mairiporã, na região metropolitana, para evitar o rompimento da barragem que pertence ao Sistema Cantareira.
Ao menos 18 pessoas morreram e 11 estão desaparecidas na Grande São Paulo por causa de deslizamentos de terra e enchentes provocadas pelas fortes chuvas ocorridas entre a noite de quinta-feira, 10, e a madrugada desta sexta.
A maior parte das vítimas está concentrada nas cidades da parte norte da região metropolitana, como Caieiras, Francisco Morato e Mairiporã.
Segundo a Sabesp, as comportas foram parcialmente abertas por volta das 6h30 por causa das chuvas intensas na região da Represa Paiva Castro, que chegou a 99,4% da capacidade nesta sexta.
Desde as 2h30, a Sabesp já havia comunicado a Defesa Civil que o reservatório estava sendo operado no "modo de emergência", para controle de cheias.
Ainda de acordo com a companhia, entre as 18 horas de quinta e as 6 horas desta sexta, o volume acumulado de água que entrou na Paiva Castro foi de 5,42 bilhões de litros, 71% da capacidade total da represa.
Segunda a Sabesp, a vazão afluente média pelo Rio Juquery neste período foi de 125 mil litros por segundo, enquanto que a média não ultrapassa os 10 mil litros por segundo.
"A máxima foi de 239 metros cúbicos por segundo (mil l/s), a uma hora da manhã. Se não existisse a represa, a enchente em Franco da Rocha e em Caieiras seria muito pior", afirma a Sabesp.
Segundo a companhia, a vazão liberada da barragem é de 50 mil l/s, ou seja, 20% da vazão máxima de entrada.
Situação semelhante havia ocorrido pela última vez em janeiro de 2011, quando a Sabesp também abriu as comportas da Paiva Castro e Franco da Rocha ficou alagada durante dias.
"Não dava para evitar a abertura das comportas. Caso contrário corre risco de a barragem romper. Mas quando as comportas são abertas a água estaciona na nossa cidade. Foi assim em 2011 e agora", disse o prefeito de Franco da Rocha, Kiko Celeguim (PT).
"O que precisamos mesmo para evitar esse cenário é a construção dos dois piscinões previstos no Plano de Macrodrenagem do Estado para nossa cidade. Esses piscinões teriam capacidade para armazenar cerca de 400 milhões de litros de água. Isso ajudaria, certamente, a reduzir os impactos de enchentes com essa. Mas, desde 2011, quando foram previstos, só a Prefeitura fez sua parte, desapropriando os terrenos. O governo federal não encaminhou os recursos prometidos e o governo estadual não licitou a obra", completou o prefeito.