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Russomanno é sócio de delator que pagou propina na Lava Jato

Mendonça Neto é um dos poucos empresários investigados pela Lava Jato que ainda está solto


	Celso Russomanno: o nome do empresário é Augusto Mendonça Neto, o primeiro executivo a firmaracordo de delação premiada com o MPF
 (Divulgação/Facebook)

Celso Russomanno: o nome do empresário é Augusto Mendonça Neto, o primeiro executivo a firmaracordo de delação premiada com o MPF (Divulgação/Facebook)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2015 às 13h11.

São Paulo - Líder nas pesquisas para a disputa à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal, Celso Russomanno (PRB-SP), é sócio de um empresário que confessou ter repassado R$ 60 milhões em propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque e ao PT no âmbito da Operação Lava Jato.

O nome do empresário é Augusto Mendonça Neto, o primeiro executivo a firmar, em dezembro do ano passado, um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e a Justiça na força-tarefa que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

Mendonça Neto é um dos poucos empresários investigados pela Lava Jato que ainda está solto.

O executivo pertence ao grupo Toyo Setal, que atuava no ramo de estaleiros. A empresa seria uma das que compunham o cartel que se apoderava dos maiores contratos da Petrobras, segundo denunciou o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em uma de suas delações prestadas ao Ministério Público.

Em sua delação, Mendonça Neto afirmou que desde 2004 houve uma combinação entre as empreiteiras do "clube" alvo da Operação Lava Jato para pagamentos de comissões para Duque e Costa.

"O valor da comissão partia em torno de 2% sobre o valor dos contratos, mas isso era negociado posteriormente, como no caso da Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná), cujo valor de ‘comissão’ chegou a quase R$ 60 milhões no total", afirmou Augusto Mendonça Neto.

Mendonça Neto e Russomanno são proprietários do Bar do Alemão, restaurante localizado no Lago Paranoá, região nobre de Brasília.

O estabelecimento foi inaugurado logo depois das eleições municipais de 2012, disputada por Russomanno.

Naquele ano, o parlamentar liderou as pesquisas de intenção de voto até o fim do primeiro turno, mas despencou depois de virar alvo de seus adversários.

Pouco antes do primeiro turno das eleições de 2012, o jornal O Estado de S.Paulo revelou que Russomanno era sócio majoritário do bar sem ter gasto, segundo ele próprio na época, nenhum real.

A aquisição do estabelecimento às margens do Lago Paranoá foi responsável pelo aumento de 100% de seu patrimônio entre 2010 e 2012 - passou de R$ 1,1 milhão para R$ 2,2 milhões, segundo declarações entregues ao Tribunal Superior Eleitoral.

Segundo os registros da Junta Comercial do Distrito Federal, Russomanno tem participação de R$ 2,21 milhões no negócio - a maior do empreendimento, que tem, no total, R$ 7 milhões de capital. Ele aparece no documento como sócio-administrador do bar.

A operação financeira para tirar o projeto do papel contou com recursos de outros investidores. A principal sócia de Russomanno, Luna Gomes, é filha do ex-deputado Eduardo Gomes.

Além de Luna, também são sócios do parlamentar Geraldo Vagner de Oliveira e as empresas Unialimentar Comércio e Serviço de Alimentos e a Yellowwood Consultoria - cujos proprietários são Mendonça Neto e a irmã, Maria Stela Ribeiro de Mendonça. A Yellowwood tem participação de R$ 1,16 milhão no negócio.

O nome de Maria Stela também aparece nos autos da Operação Lava Jato como uma das sócias da empresa SOG Óleo e Gás.

Em 2014, ela assinou um acordo de leniência com os investigadores da força tarefa, documento no qual também consta a assinatura do irmão. Maria Stela se recusou a passar qualquer tipo de informação à reportagem.

Procurado pelo Estado, Russomanno disse que vendeu suas cotas na sociedade depois de assumir o mandato na nova legislatura.

"Assumindo o mandato nesta legislatura, e com o tempo escasso em face dos compromissos político-partidários assumidos na condição de Líder de Partido, Membro titular em Comissões e também do tempo destinado às gravações do programa, tornou-se inviável minha permanência no negócio, razão da venda do que me cabia na sociedade", afirmou Russomanno, por meio de nota.

O nome do deputado também aparece como sócio-administrador nos registros da empresa no banco de dados da Receita Federal.

Em nota enviada à reportagem, Russomanno tratou Mendonça Neto como amigo.

Disse ter conhecido o executivo em 1979, quando o empresário namorou a prima do parlamentar - com quem, segundo ele, se casou mais tarde. "Conheci o Augusto em 1979, namorando minha prima Isabel, que depois se casaram.

Desde então, somos amigos. Ele foi um dos investidores no Bar do Alemão com 16,66% de participação", escreveu o deputado.

Ainda no texto, Russomanno afirmou que sua saída da sociedade deve ser registrada na Junta Comercial do DF "nos próximos dias".

O parlamentar negou ter tido acesso aos negócios de Mendonça Neto com a Petrobrás.

"Quero deixar registrado que nunca tive acesso aos negócios do Augusto com a Petrobrás e que tomei ciência dos fatos pela imprensa", disse o parlamentar.

Mendonça Neto não quis se manifestar sobre o assunto. O Estado também telefonou para o Bar do Alemão à procura de Mendonça Neto.

O gerente do restaurante confirmou à reportagem que o empresário era sócio do empreendimento e afirmou que ele dificilmente aparecia no bar.

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