Congresso Nacional: Apesar do aumento de parlamentares ligados ao agronegócio, alguns líderes ruralistas importantes não foram reeleitos (Pedro França/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2014 às 16h54.
Brasília - A bancada ruralista ganhou força no Senado com a eleição do deputado Ronaldo Caiado (DEM), eleito por Goiás, e a previsão é de um aumento no contingente atual de parlamentes ligados ao agronegócio na Câmara. Mas o reforço é observado com cautela pelos ruralistas, que registraram perdas no quadro de líderes que não foram reeleitos.
Entre as principais baixas está o ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes (PSD), que não conseguiu votos suficientes para se reeleger deputado pelo Paraná.
Outra baixa entre as lideranças ruralistas foi Moreira Mendes (PSD-RO), ex-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA). Mendes é deputado na atual legislatura, cujo mandato termina em janeiro, e disputou uma vaga no Senado por Rondônia. Com apenas 25,94% dos votos válidos para o Senado, ele não foi eleito e ficará sem posto no Congresso Nacional.
Os ruralistas também perderam Abelardo Lupion (DEM-PR), que decidiu não disputar a reeleição, após seis mandatos. Já o paulista Junji Abe (PSD) perdeu nas urnas e também não volta para a Câmara. O mesmo ocorreu com Giovanni Queiroz (PDT-PA), que está no quinto mandato consecutivo.
Os ruralistas afirmam que a bancada atual é formada por 139 parlamentares e pode ser ampliada com outros 124 novos deputados ligados de alguma forma ao agronegócio e que foram eleitos no último domingo (5), o que transformaria a bancada em um grupo de 263 membros - ou seja, 51,3% dos 513 da Câmara.
O número diverge do mapeamento que está sendo feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que calcula a bancada atual em 130 deputados, podendo chegar a 160 membros na legislatura que assume em 2015. "Acho que o nosso número está um pouco exagerado", reconhece o atual presidente da FPA, Luís Carlos Heinze (PP-RS).
Reeleito como o deputado mais votado pelo Rio Grande do Sul, com cerca de 162 mil confirmações nas urnas, Heinze pondera que o aumento de deputados não é sinônimo de qualidade. "Eu não conheço muitos desses que foram eleitos", diz. "Não importa crescer e não ter qualidade. Até porque, tem uns 40 ou 50 que realmente fazem o trabalho", afirma.
O presidente da FPA lamenta a perda de nomes de peso, mas minimiza as baixas. Ele afirma que a bancada continua com um "bom time, sem problemas". "Os assuntos vão continuar", diz.
Heinze cita como prioridade para a bancada, a partir de 2015, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe retirar do presidente da República o poder de demarcar reservas indígenas, passando a atribuição para o Congresso. Os ruralistas querem, ainda, uma redefinição do que é trabalho escravo e propostas para reduzir impostos de alimentos, máquinas e equipamentos usados no campo.