Ex-primeira-dama reclamou da pensão de R$ 18mil que recebe e conta de sua conversão à "Jesuicidência" (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2012 às 12h57.
A anunciada entrevista da ex-primeira-dama Rosane Collor de Mello ao Fantástico, da Globo, decepcionou quem esperava alguma revelação bombástica sobre o ex-marido, Fernando Collor, afastado da Presidência por impeachment em 1992.
Além de divulgar o livro que escreve em parceria com um jornalista sobre a sua relação com Collor e o período que viveu junto ao poder, Rosane apenas desfilou informações e opiniões curiosas como a de que o ex-marido encomendava rituais de magia negra na Casa da Dinda, a residência particular onde morava em Brasília quando presidente; que esses rituais, feitos para defendê-lo de adversários políticos, eram regados pelo sangue de vacas abatidas em sacrifício, e que a pensão recebida por ela, de 18.000 reais, não seria justa.
"Tenho amiga que não foi casada com um ex-presidente nem com um senador da República e recebe 40.000 reais", disse a ex-primeira-dama, que briga na Justiça por um valor maior. Ao que tudo indica, Rosane, que hoje é evangélica, não está livre das tentações materiais.
A ex-primeira-dama, aliás, atribui à religião o fato de ter sobrevivido ao que chama de "maldição do Collor". Questionada pela jornalista Renata Ceribelli sobre o que seria a tal "maldição do Collor", Rosane lembrou o destino trágico dos personagens que confrontaram o ex-presidente.
Caso de seu irmão Pedro Collor, que o denunciou à revista Veja em maio de 1992 e morreu dois anos depois de um câncer fulminante, e de Elma Farias, a mulher de Paulo César (PC) Farias, ex-tesoureiro de campanha do alagoano. Quando PC passou a protagonizar notícias de corrupção, Elma deu uma entrevista dizendo que ele tinha um "chefe maior". Morreu em julho de 1994, oficialmente de edema pulmonar.
Nesse momento, a entrevista parecia esquentar. "Eu não acredito em coincidência", disse Rosane, que definiria como "estranha" a forma como morreram "pessoas que foram contra" seu ex-marido. "É a maldição do Collor", disse, para em seguida mudar de tom e dissipar qualquer possibilidade de ataque sério contra o ex, com quem foi casada por 22 anos e se divorciou há sete. "Mas jamais vou afirmar que o Fernando fez algum trabalho para que ela fosse morta".
O termo "trabalho" foi utlizado outras vezes por Rosane durante a entrevista, quando ela se referia aos rituais de magia negra encomendados por Collor a Maria Cecília, hoje uma pastora evangélica que teria sido salva de um fim "estranho", assim como a ex-primeira-dama, pela religião. "Eu não acredito em coincidência. Acredito em Jesuicidência. Eu e Maria Cecília estamos vivas porque acreditamos em Jesus".
No geral, Rosane poupou Collor de denúncias graves. Ela apenas confirmou que ele mentiu quando disse, à época em que passou a ser alvo de acusações de corrupção, que não tinha contato com o ex-tesoureiro de sua campanha, PC Farias, havia dois anos. Nada que mude a triste história recente do Brasil.