Feridos na tragédia são levados de ambulância para hospital de Bento Rogrigues: de acordo com a empresa, ainda não há confirmação das causas e da extensão do acidente (Douglas Magno / AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2015 às 10h22.
São Paulo - Pelo menos duas pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas devido ao rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco no interior de Minas Gerais, informou o Corpo de Bombeiros do município de Mariana nesta sexta-feira, acrescentando que ainda há dezenas de desaparecidos.
O incidente ocorreu na tarde de quinta-feira na barragem da joint venture da Vale com a australiana BHP . A empresa, produtora de pelotas de minério de ferro, é uma das maiores exportadoras do Brasil.
As atividades na unidade de Germano da Samarco, próxima ao local do incidente, estão paralisadas. As ações da Vale abriam o pregão desta sexta-feira em queda de cerca de 4 por cento, com o mercado repercutindo o rompimento da barragem.
Com o rompimento da barragem do Fundão, os rejeitos avançaram sobre o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, atingindo 90 por cento da uma comunidade com cerca de 560 habitantes e 170 casas, segundo a prefeitura de Mariana.
Mais de 100 bombeiros, 20 viaturas e três helicópteros participam da operação em busca de vítimas. Um porta-voz dos bombeiros de Mariana disse por telefone que, até o momento, foram confirmadas duas mortes e 30 pessoas feridas, além de dezenas de desaparecidos.
A Samarco disse em nota, no entanto, que ainda não é possível confirmar o número de vítimas e de desaparecidos.
"Todas as pessoas resgatadas com ferimentos estão sendo encaminhadas para pronto atendimento no hospital do município de Mariana e demais municípios próximos e, os desabrigados, para um ginásio de Mariana onde equipes prestam auxílio a todos", afirmou a mineradora.
De acordo com a empresa, ainda não há confirmação das causas e da extensão do acidente.
"Investigações e estudos apontarão as reais causas do ocorrido", acrescentou a Samarco, ressaltando que o rejeito que atingiu a comunidade é "inerte", sendo "composto em sua maior parte por sílica (areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro e não apresenta nenhum elemento químico que seja danoso à saúde".
Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, as pessoas resgatadas estão passando por processo de descontaminação.
A Samarco informou ainda que as barragens da empresa são compostas por quatro estruturas: Germano, Fundão, Santarém e Cava de Germano, e que todas possuem licenças de operação concedidas pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental, órgão que atesta a integridade das estruturas.
A última fiscalização ocorreu em julho de 2015 e indicou que as barragens encontravam-se em totais condições de segurança, segundo a empresa.
"A Samarco também realiza inspeções próprias, conforme Lei Federal de Segurança de Barragens, e conta com equipe de operação em turno de 24 horas para manutenção e identificação, de forma imediata, de qualquer anormalidade."
A capacidade de produção da Samarco, incluindo outras unidades, é de aproximadamente 30 milhões de toneladas por ano.