O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (Waldemir Barreto/Agência Senado/Flickr)
Alessandra Azevedo
Publicado em 1 de fevereiro de 2023 às 18h20.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2023 às 18h30.
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reeleito presidente do Senado nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, com os votos de 49 senadores. Para vencer a disputa, ele precisava de 41 votos, maioria absoluta dos 81 senadores. Pacheco continua no posto pelos próximos dois anos, até fevereiro de 2025.
O candidato de oposição, Rogério Marinho (PL-RN), conseguiu 32 votos, após uma forte campanha bolsonarista, intensificada nos últimos dias. Minutos antes da votação, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se colocava como alternativa de "terceira via", retirou a candidatura e declarou voto em Marinho, em defesa da "renovação".
A reeleição de Pacheco é uma vitória para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso, mas o placar menos favorável do que o da eleição passada e as traições dentro de bancadas que, em tese, estavam fechadas com o senador mineiro preocupam os governistas.
Em 2021, com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Pacheco venceu a disputa com 57 votos, derrotando a atual ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB). Por isso, mesmo com a derrota, os aliados de Bolsonaro consideram o saldo da eleição positivo em alguns aspectos.
Ao conseguir ir além da aliança PL-PP-Republicanos -- a tríade bolsonarista que apoiou Marinho formalmente -- e garantir votos declarados de senadores de partidos como MDB, PSD, União Brasil e PSDB, a oposição passou a mensagem de que está forte no Senado.
Embora a votação seja secreta, com cédulas de papel, muitos senadores divulgaram as escolhas por vontade própria nos últimos dias. A maioria dos que se posicionaram publicamente disseram que votariam em Marinho -- inclusive três senadores do PSD, partido de Pacheco, que foram abertamente contra a orientação da bancada.
Mas, pelo placar, nem todos que prometeram votar em Marinho cumpriram o combinado. Pouco antes da eleição, aliados do senador bolsonarista diziam que ele tinha 43 votos garantidos. Apesar do aparente otimismo, muitas das traições, dos dois lados, já eram esperadas.
O movimento a favor de Marinho aumentou nas 48 horas anteriores à eleição, com forte engajamento de parlamentares e apoiadores de Bolsonaro, inclusive nas redes sociais, mas Pacheco manteve a articulação com a base governista e com partidos de centro. Aliados de Pacheco calculavam que ele poderia ser eleito com mais de 50 votos.
Formalmente, Pacheco teve apoio de seis legendas: PSD, MDB, PT, PDT, PSB e Rede. Juntas, as bancadas têm 42 senadores. Os outros votos, pelos cálculos de aliados, viriam de parlamentares do União Brasil -- embora o partido não tenha fechado posicionamento -- e até de dissidentes do PL.
A sessão começou pouco depois das 16h, no plenário do Senado, após a posse dos 27 senadores eleitos em outubro. Antes da votação, Girão, Pacheco e Marinho tiveram 15 minutos cada para defender as candidaturas, por ordem alfabética. Foi nesse momento que Girão declarou voto em Marinho.
"Fiz a minha parte para viabilizar minha candidatura e reconheço que não foi possível", disse o senador do Podemos. "Se tem alguém que tem chance de trazer a expectativa de mudança de rumo dessa casa, não tenho nenhum problema em apoiá-lo, para o bem do Senado e do Brasil. Rogério Marinho, meu voto e meu apoio são seus", declarou.
Nos 15 minutos que teve para discursar antes da votação, Pacheco prometeu que atuará de forma independente no comando da Casa. "Um Senado que se subjuga é um Senado covarde. Não permitiremos. Nós devemos cumprir nosso papel de solucionar problemas através da nossa capacidade e dever de legislar", disse.
Em busca dos votos de bolsonaristas, Pacheco aproveitou a fala para lembrar a atuação nos últimos dois anos e reforçar que não agiu contra o governo anterior. "Desafio alguém a apresentar pauta-bomba, chantagens feitas com governo anterior. Isso não aconteceu", ressaltou.
Já Marinho fez discurso em defesa do protagonismo do Senado. "Não há Parlamento livre e representativo quando existe, e claramente existe, desequilíbrio entre os Poderes. A democracia exige uma relação independente, harmônica e altiva. A omissão diminui o Parlamento, ameaça a democracia e, consequentemente, o estado de direito", disse.
Depois dos discursos, durante a votação, senadores de oposição protestaram contra a proibição de divulgar os votos. O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), que presidiu a sessão, explicou que, como a votação é secreta, os senadores não podem declarar o voto no plenário. Apenas os candidatos têm direito a discursar.
A votação foi encerrada às 18h04, após todos os senadores votarem. Pacheco garantiu os 41 votos às 18h18.
Os senadores ainda precisam definir os integrantes da Mesa em 2023 e 2024. A eleição para os cargos de primeiro e segundo vice-presidentes e para quatro secretários, além dos suplentes, está marcada para quinta-feira, 2, às 10h.
Nos últimos dias, alguns senadores trocaram de partido, o que mudou a divisão das cadeiras do Senado. As alterações afetam diretamente a definição dos cargos da Mesa, que levam em consideração o tamanho das bancadas.
Com 12 senadores, a bancada do PL, de Bolsonaro, deixou de ser a maior da Casa. A liderança agora é do PSD, partido de Pacheco, que tem 15 representantes. O MDB é a terceira maior bancada, com 10 senadores.
União Brasil e PT têm nove senadores cada. O PP ficou com seis cadeiras; o Podemos, com cinco; o PSB e o Republicanos, quatro; o PSDB e o PDT, três; e a Rede tem um senador.
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