Roberto Freire: o presidente lembrou que com a junção da Cultura com a Educação houve protestos (Luis Macedo/Agência Câmara)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de novembro de 2016 às 14h35.
Brasília - O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira, 23, que o novo ministro da Cultura, Roberto Freire, vai ajudar a "salvar o Brasil".
"Você traz para o governo esta simbologia de quem tem passado de lutas em favor do Brasil. O governo está ganhando muito. E se o governo foi bem até agora, eu vou dizer a vocês que a partir do Roberto, vai ganhar céu azul, vai ganhar velocidade de cruzeiro e vai salvar o Brasil", afirmou Temer, no discurso durante a cerimônia de posse do ministro, realizada na Sala de Audiências do Palácio do Planalto.
A posse, diferente da maioria das outras de ministros, foi fechada à imprensa e transmitida aos jornalistas pela NBR, a TV do governo federal.
Temer contou que o parlamentar já havia sido escolhido por ele para ser o titular da Cultura, mas disse que "na vida há acidentes" e quando ele assumiu a Presidência e resolveu reduzir o número de ministérios, Freire entendeu a situação e abriu mão do cargo.
"Como fui muito criticado porque queria reduzir o número de ministérios, o Roberto, só para demonstrar a grandeza do homem público, o que ele fez? Ele, que já praticamente havia sido designado como ministro da Cultura, disse: Temer você tem que reduzir os ministérios, se não vai apanhar de nós", afirmou.
O presidente lembrou que com a junção da Cultura com a Educação, entretanto, houve protestos que o fizeram separar as pastas. "Houve uma gritaria natural da cultura", disse.
"Quando contestados devemos verificar a procedência ou improcedência dessas contestações. Quando as contestações forem legítimas, isso é o que determina espírito democrático, você revê, foi o que eu fiz", disse, ressaltando que, no momento da recriação da pasta, o ex-ministro Marcelo Calero já ocupava o cargo na secretaria da Cultura e assumiu o posto.
"A essa altura não foi possível levá-lo, pois havia outro companheiro ocupando a secretaria", comentou, sem citar o nome de Calero.
Temer afirmou que, ao convidar Freire para assumir o lugar de Calero - que deixou o governo após denúncias contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Viera Lima -, o então deputado pediu para falar com sua esposa e retornar no dia seguinte.
"Ai pedi para ele ligar para a mulher dele e me responder em dez minutos, mas ele me respondeu em oito", disse.
Posse
Sem a presença do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Viera Lima, a cerimônia de posse foi fechada e diferente da de Calero, que contou com muitos artistas.
Na plateia, havia alguns políticos e outros ministros. Apesar disso, Temer fez questão de destacar a "plateia muito significativa". "Aqui há senadores, deputados, ministros da melhor qualificação pessoal, intelectual, política e são figuras, vejo pela fisionomia e pela atuação histórica, que estão todos preocupados com o Brasil."
O presidente citou ainda que o governo está trabalhando para tentar tirar o País da crise, voltar a defender a PEC do teto dos gastos e afirmou que o "Brasil está numa recessão profunda". "É preciso primeiro vencer a recessão e depois retomar o crescimento. E com o crescimento é que vem o emprego", disse.
Temer lembrou a reunião com governadores e disse que o governo tenta encontrar uma solução para a crise dos Estados. "Temos fases determinadas que estamos atravessando. Ontem, preocupados com a federação brasileira, reunimos aqui os 27 Estados", afirmou.
Segundo o presidente, os governadores vieram dizer que precisam de verbas para suportar "os desastres". "Agora, eles vão seguir o exemplo da União e estabelecer o teto de gastos", disse. "Conseguirmos a ideia de que União, Estados e municípios devem trabalhar juntos em função do País, independentemente de interesses partidários. Temos que nos dar as mãos neste momento."
Integração sem preconceitos
Roberto Freire destacou em seu discurso de posse que sua experiência como parlamentar o faz saber da necessidade do diálogo e destacou que no mundo globalização a cultura é um instrumento necessário para uma integração sem preconceitos.
"Vivemos um tempo marcado por processos antagônicos que ampliam os desafios", afirmou, durante a cerimônia.
Freire destacou a crise "econômica e ética" que o País está atravessando e disse que buscará "transformar a pasta em elemento de inclusão social".
Segundo Freire, a globalização impulsionou também ondas de nacionalismo e com isso"um rosário de preconceitos e intolerâncias". "Nesse cenário a Cultura assume novas dimensões e deve ser instrumento de integração", reiterou.
O ministro disse ainda que é preciso apoiar a Lava Jato e reforçou que com os 40 anos de experiência de parlamentar sabe da necessidade de diálogo. "Vamos trabalhar em busca de consenso", comentou.