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Rio tem recorde de focos de queimada devido à onda de calor

Em quatro dias, o mês de fevereiro já soma 13 focos, dois a menos que a média histórica para o mês, de 11


	Incêndio: os guardas do parque contam com abafadores, que são pedaços de borracha flexível usados contra o fogo na vegetação rasteira (Divulgação)

Incêndio: os guardas do parque contam com abafadores, que são pedaços de borracha flexível usados contra o fogo na vegetação rasteira (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 16h17.

Rio de Janeiro - Sem chuva há cerca de 20 dias e com temperaturas que passam de 40 Celsius (ºC), o estado do Rio de Janeiro teve desde 1º de janeiro deste ano 380% mais focos de incêndio registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o maior aumento entre todas as unidades da Federação.

O monitoramento do instituto contabilizou 48 queimadas no estado até ontem (4), enquanto, no mesmo período do ano passado, o número não passou de dez.

No mês de janeiro, foram 35 focos de incêndio detectados pelos satélites do Inpe, um patamar quase três vezes maior que o de janeiro de 2010, que detinha o recorde até então, com 13 focos. 

A média para janeiro, calculada desde 1998, é sete focos. Em quatro dias, o mês de fevereiro já soma 13 focos, dois a menos que a média histórica para o mês, de 11.

Para o segundo mês do ano, o recorde também é 2010, com 73 focos.

O diretor de Biodiversidade de Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Ambiente, André Ilha, disse que a situação é preocupante:

"O risco de fogo está generalizado no estado todo. Estamos atravessando uma onda de calor e de falta de chuvas sem precedentes. Pelo menos eu não me lembro de tantos dias seguidos de falta de chuva no verão. No início, a situação era menos critica porque a umidade estava elevada. Mas, desde o fim da semana passada, ela baixou bastante".

Para André Lima, o número de focos de incêndio deve ser ainda maior do que o registrado pelo Inpe, já que muitos não atingem proporções visíveis por satélite.


No Parque Estadual de Cunhambebe, em Itaguaí, um incêndio foi debelado ontem, mas equipes ainda combatem focos menores nas redondezas. Já na Serra da Tiririca, em Maricá, o incêndio foi causado por um balão que, ao atingir a vegetação seca, espalhou o fogo.

"As pessoas precisam tomar muito cuidado para não causar esses incêndios acidentalmente, e consciência para acabarem com esse hábito de soltar balões. Determinados incêndios ameaçam postes de fiação e residências".

Na Vila Militar, na zona oeste da cidade, a umidade do ar chegou a 27% ontem, enquanto em Santa Cruz, também na zona oeste, a sensação térmica alcançou 57ºC, de acordo com o Centro de Operações Rio, da prefeitura.

Localizado em uma área entre esses dois bairros, o Parque Estadual da Pedra Branca, a maior floresta urbana do Rio e uma das maiores do mundo, sofre as consequências:

"Em janeiro, enfrentamos cinco focos de incêndio, e, em fevereiro, já combatemos mais dois. Todos eles iniciados por queima de lixo ou de pastagem", diz Alexandre Pedroso, chefe do parque.

A situação, segundo ele, não é usual: "No verão, a gente tem problema de chuva, com deslizamento ou escorregamento. Como não está chovendo e a região norte do parque está com temperatura alta, com sensação de quase 60º, a gente teve que mudar os planos para combater esses incêndios".

Alexandre conta que o trabalho tem sido de notificar e tentar conscientizar a população para não queimar lixo perto das dependências do parque.


Quem causa incêndio em uma reserva ambiental é multado em R$ 1,5 mil por hectare queimado, de acordo com o Decreto 3.179 de 21 de setembro de 1999. Um hectare corresponde, aproximadamente, a um campo de futebol.

Desde este fim de semana, guardas do parque e bombeiros trabalham para conter dois focos de incêndio no parque, nos bairros de Jacarepaguá e Bangu.

Em um deles, na Estrada do Catonho, uma área equivalente a cerca de dez campos de futebol já foi queimada, estima Alexandre.

No combate inicial aos focos de incêndio, os guardas do parque contam, principalmente, com abafadores, que são pedaços de borracha flexível usados contra o fogo na vegetação rasteira.

Outro recurso são reservatórios de 20 litros d'água que levam às costas para ajudar a apagar focos de incêndio.

Na Floresta da Tijuca, outro grande parque da cidade, o calor intenso e a baixa umidade do ar também já contribuíram para quatro focos de incêndio.

A parte norte do parque, nas proximidades da Estrada Grajaú-Jacarepaguá e da Estrada da Covanca, é a mais atingida: "Além de matar a flora e os animais, os incêndios também diminuem a área disponível para eles", diz Ernesto Viveiros de Castro, chefe do parque.

Ao mesmo tempo em que combatem os focos de incêndio, os guardas se desdobram para para lidar com a demanda pelas cachoeiras do parque, que têm recebido muitos visitantes: "Temos uma pressão bem grande de visitação nas cachoeiras, e elas estão mais secas com a falta de chuva".

A previsão para os próximos dias, de acordo com Almerino Marinho, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é de mais sol e tempo seco: "A umidade mais baixa é incomum em janeiro, mas fevereiro é um mês de pouca chuva".

O estado brasileiro com o maior número de focos de incêndio em 2014 até o momento, segundo os dados do Inpe, é Roraima, com 366, o que representa uma queda de 15% em relação ao mesmo período de 2013.

Além do Rio de Janeiro, os estados que tiveram maior aumento do número de incêndios em 2014 foram São Paulo (236%), Amapá (233%), Santa Catarina (225%) e Paraná (222%).

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