Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro: há 13 dias, moradores, frequentadores e atletas de remo que treinam para as Olimpíadas reclamam do mau cheiro no entorno (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2015 às 16h32.
Rio de Janeiro - O total de peixes mortos retirados da Lagoa Rodrigo de Freitas chegou a 53,1 milhões na manhã de hoje (20), segundo a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). Os trabalhos começaram no último dia 8 e a previsão é que terminem nos próximos dias, caso não haja mais mortandade de peixes.
Localizada na zona sul do Rio, a lagoa será o principal palco das competições de remo e canoagem dos Jogos Olímpicos de 2016. A espécie que está morrendo na lagoa é a das savelhas e ainda não há uma explicação para o fato.
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a causa da morte pode ter relação com variações ambientais, já que a espécie é extremamente sensível a essas mudanças.
De acordo com a secretaria, está sendo feito um monitoramento da lagoa para análise dos dados. A secretaria afirma que "as condições de oxigenação na lagoa estão dentro da normalidade, mas a situação de desequilíbrio continuará nos próximos dias, devido à presença de matéria orgânica decorrente das chuvas. Parte dos peixes que permanecem na água e algas produtoras estão em decomposição consumindo o oxigênio dissolvido".
Desde que se percebeu a mortandade dos peixes, há 13 dias, moradores, frequentadores e atletas de remo que treinam para as Olimpíadas reclamam do mau cheiro no entorno.
O problema é ainda maior para os atletas de remo que treinam na lagoa para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos no ano que vem. O coordenador técnico da equipe de remo do Vasco da Gama, Marcelo dos Santos, contou que os treinos chegaram a ser suspensos.
"Quando o Rio de Janeiro foi escolhido, nós tínhamos o pensamento de que iria acontecer algum verdadeiro legado, mas, nesse momento, estamos muito pessimistas. Estamos prestes a realizar o evento teste para as Olimpíadas e isso foi vergonhoso. Tivemos que evitar ir para água durante alguns dias porque o cheiro da decomposição dos peixes estava muito forte", disse Santos.
Além de ter comprometido os treinos, a situação pode ser ainda pior, segundo a remadora Luana Gonçalves. "Treinar com esse cheiro é horrível. É preciso ter uma respiração controlada e o remador não consegue. Afeta o treino, fora o enjôo que a gente sente. A lagoa fica pesada e afeta a velocidade do barco. Houve um dia em que não conseguíamos remar, de tanto peixe que tinha. A gente colocava a pá do remo na água e era só peixe que a gente empurrava. Isso pode afetar o resultado de uma competição de alto nível", ressaltou.
A Comlurb informou que os peixes presos nos manguezais ainda estão sendo removidos e garis trabalham utilizando pulverizadores com essência de eucalipto, para minimizar possível mau cheiro.