Parada Gay no Rio de Janeiro: policiais e bombeiros poderão participar (AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2011 às 18h24.
Rio de Janeiro – O governo do Rio lançou hoje (16) a primeira campanha publicitária de Estado da América Latina contra a homofobia. A campanha será veiculada a partir de amanhã (17) em rádios, cinemas, na TV e em vários outros meios como outdoor, cartazes e folhetos.
A vice-presidente da organização não governamental Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e do Movimento Dellas, Yone Lindgren, explicou que a campanha é resultado de uma luta dos movimentos sociais, que começou em 2003, buscando diálogo com as autoridades.
“Agora esperamos uma mudança de cultura e que a população fluminense aprenda que todos nós temos o direito à cidadania. O próximo passo é a aprovação do Projeto de Lei 122, a criminalização da homofobia”, disse Yone sobre o projeto que pretende tipificar os crimes cometidos contra homossexuais.
Gerente do Centro Metropolitano de Referência LGBT, vinculado à Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, a transexual Marjorie Marchi, disse que a campanha é um passo fundamental no processo de romper estigmas e clichês contra os homossexuais e transexuais. “Falta muito ainda para se conquistar, mas o dia de hoje é muito importante para nós, significa que estamos ganhando espaço e que estamos avançando”.
A senadora Marta Suplicy, relatora do Projeto de Lei 122, participou do lançamento da campanha e também comemorou o avanço. Mas ela lamentou os casos de homofobia que ocorrem no país. “As cenas de violência que vimos na Avenida Paulista, [aquilo] não foi uma simples briga. Foi um ataque, um ato de intolerância, de ódio, algo inadmissível que deve ser reprimido”, comentou a senadora, ao referir-se ao ataque ocorrido em novembro do ano passado, quando um rapaz foi agredido com uma lâmpada fluorescente, no centro de São Paulo, por ser homossexual.
O governador Sérgio Cabral anunciou que, na próxima Parada Gay do Rio de Janeiro, o governo vai liberar seus funcionários públicos, assim como os caminhões de bombeiros e policiais fardados que sejam gays para participar do desfile que ocorre todos os anos na Avenida Atlântica, orla da zona sul carioca. “Vemos isso em todas as cidades desenvolvidas do mundo, como Nova York e Paris. Por que não aqui?”, indagou Cabral durante seu discurso.
“E me dirijo aos senadores do meu país: vamos aprovar o PL 122 porque homofobia é crime contra os direitos humanos, contra um cidadão. É isso que está em jogo”, completou o governador.
Durante a cerimônia, foi anunciado que, no dia 28, será assinado o decreto que reconhece e regulamenta o uso do nome social por travestis e transexuais na administração pública do estado fluminense. Também foi apresentado o caderno de ações e metas 2011-2014 do Programa Rio sem Homofobia.