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Rio ensaia alternativa em combate de violência nas favelas

Cidade inagurou nesta terça uma nova UPP no Morro dos Macacos; objetivo é levar projeto para o Complexo do Alemão em 2011

Inauguração da UPP no Morro dos Macacos: objetivo é formar vínculo com a comunidade (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

Inauguração da UPP no Morro dos Macacos: objetivo é formar vínculo com a comunidade (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 13h26.

Rio de Janeiro - Dois dias após ocupar pela força favelas dominadas por traficantes de drogas, as autoridades do Rio de Janeiro chegaram nesta terça-feira a outra região da cidade, desta vez com um plano diferente, baseado na segurança policial e na inclusão social.

O cenário escolhido foi o Morro dos Macacos, uma perigosa favela que conta a partir desta quinta-feira com um quartel policial permanente para garantir a paz em suas ruas e impedir que os criminosos retomem o controle da área.

A "ocupação social" do Morro dos Macacos está a cargo de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), similar às que já haviam sido instaladas em outras 12 favelas da cidade com o fim de impor a ordem no bairros e reduzir os índices de violência que com frequência transformam o Rio de Janeiro em um palco de guerra, como ocorreu na semana passada.

A inauguração do quartel, no qual trabalharão 228 policiais orientados a formar vínculos de amizade com os moradores, atraiu a atenção de centenas de habitantes curiosos que agradeceram a pacificação da sua comunidade.

Situado na zona norte da cidade, o Morro dos Macacos foi uma pedra no sapato da Polícia Militar principalmente no ano passado, quando um grupo de traficantes derrubou um helicóptero policial que tentava pôr fim em um tiroteio entre facções rivais, deixando três tripulantes mortos e três feridos.

A instalação da UPP no Morro dos Macacos acontece dois dias depois que cerca de 2.600 homens de diferentes forças de segurança tomaram o Complexo do Alemão, um conjunto de favelas que durante décadas foi dominado por traficantes que impunham sua lei aos habitantes da área.

Para a implantação da UPP, cerca de 100 homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), o corpo de elite da Polícia Militar, ocuparam no dia 14 de outubro os principais pontos da comunidade a fim de preparar o terreno para a chegada dos agentes que se encarregarão da segurança e da paz.

Mais emocionados pela presença do governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do que pela inauguração do posto policial, dezenas de moradores mostraram nesta terça-feira seu apoio ao programa iniciado em dezembro de 2008 com a pacificação do Morro Dona Marta, encravado na zona sul carioca.

"É uma iniciativa muito boa. Teremos mais tranquilidade, principalmente para minha neta", contou à Agência Efe Nilton, um homem de cerca de 65 anos, enquanto dava a mamadeira para uma criança de poucos meses.

"Os habitantes viveram sob o controle dos criminosos durante muito tempo e ainda estão se acostumando" à presença dos agentes pacificadores, explicou o coronel Robson Rodrigues, comandante de todas as UPPs.

A chave deste modelo está na presença "mais ativa e mais participativa" na comunidade, disse Rodrigues, explicando que os policiais das UPPs são mais treinados para o trabalho social do que para a repressão dura do crime organizado.

Preocupados com a onda de violência que na última semana manteve em evidência a cidade que será uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 e anfitriã dos Jogos Olímpicos de 2016, o governador Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, apostam no novo modelo policial para controlar as atividades dos grupos armados.

"A pobreza e a falta de investimento social não justificam o que aconteceu no Rio nesta última semana", manifestou o governador ao se referir à recente onda de violência, que deixou pelo menos 37 mortos.

Cabral afirmou que a paz é um requisito fundamental para que possa existir um Estado democrático e lembrou que nas outras 12 favelas nas quais se instalaram as UPPs, as condições de vida da população melhoraram substancialmente, não só pela segurança mas porque seus habitantes se beneficiam de programas sociais e de melhorias nos serviços públicos.

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