O plenário da CPMI também aprovou mais 77 requerimentos de convocação de pessoas suspeitas de envolvimento com os negócios ilegais de Cachoeira (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2012 às 19h41.
Brasília - A CPI do Cachoeira vai paralisar os trabalhos na próxima semana para não dividir as atenções com a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e quando retomar os trabalhos focará suas investigações nas relações de membros do governo de Goiás e do Distrito Federal com Carlinhos Cachoeira.
A interrupção dos trabalhos também atende o interesse de parlamentares da região Nordeste, que comparecem às tradicionais festas juninas em seus Estados e consideram esse compromisso indispensável na sua agenda política, ainda mais em ano de eleições municipais.
Nas palavras de um petista, que falou à Reuters sob condição de anonimato, a parada também servirá para que o relator da CPI mista, deputado Odair Cunha (PT-MG), coloque a "bola no chão" e reorganize a estratégia de investigação que sofreu nas últimas semanas com depoimentos improdutivos de pessoas ligadas à Cachoeira.
A semana de descanso também vai colaborar para os parlamentares acalmarem os ânimos, acirrados pelos depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
No retorno, Cunha disse que a CPI deve aprofundar a linha de investigação que comprove a relação de Cachoeira com integrantes dos governos de Goiás e do DF. Por isso, serão retomados depoimentos de ex-servidores desses Estados.
"Nós estamos buscando estabelecer o vínculo desses governos com a organização criminosa. É através desses vínculos que podemos afirmar que eles pertencem ou não à organização criminosa. Se foram cooptados, se foram corrompidos eventualmente", explicou o relator nesta quinta-feira após a sessão.
Nesse período de descanso, Cunha espera que a CPI receba vários documentos que foram pedidos nas primeiras sessões e até agora não foram entregues pela Justiça, pela Polícia Federal, pelo Banco Central e outros órgãos. Essa demora, segundo ele, tem prejudicado o trabalho de investigação.
Nesta quinta, os membros da comissão aprovaram a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônico de Perillo e Agnelo nos últimos 10 anos. E decidiram adiar a convocação do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish e do ex-diretor-geral do Departamento de Infraestrutura de Transportes Terrestres (DNIT) Luiz Antônio Pagot,
Quando retornarem aos trabalhos no próximo dia 26, os parlamentares terão mais três semanas de trabalho e farão uma nova parada por conta do recesso parlamentar, que oficialmente começa no dia 17 de julho, e só retomam as sessões na primeira semana de agosto.