A presidente Dilma Rousseff: publicação diz que a troca na Presidência da República abriria caminho para um "novo começo" no Brasil (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2016 às 11h39.
Londres - A revista britânica The Economist defende, em editorial, que é hora de a presidente Dilma Rousseff deixar o cargo.
A escolha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil foi uma "tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça", diz o editorial que será publicado na nova edição que chega às bancas nesta quinta-feira.
Por isso, Dilma está inapta a permanecer na Presidência, argumenta o texto. A publicação diz que a troca na Presidência da República abriria caminho para um "novo começo" no Brasil.
"A indicação de Lula parece uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo que isso não fosse sua intenção, esse seria o efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu os limitados interesses da sua tribo política por cima do Estado de Direito", diz o editorial que tem o título "Hora de ir".
"Assim, ela tornou-se inapta a permanecer como presidente", cita o editorial que defende que "a presidente manchada deveria renunciar agora".
O editorial nota que sempre defendeu que apenas a "Justiça ou os eleitores - e não políticos com interesses próprios tentando impedi-la - podem decidir o destino da presidente".
Essa percepção, porém, mudou com a decisão tomada por Dilma de indicar Lula, argumenta o editorial.
No final de semana, o jornal The New York Times já havia classificado como "ridículas" as explicações de Dilma para a nomeação de Lula. A saída de Dilma Rousseff, diz o editorial da Economist, "ofereceria ao Brasil a oportunidade de um novo começo".
A revista afirma que continua acreditando que o processo de impeachment pelas pedaladas fiscais segue parecendo injustificado.
Assim, a revista nota que há três caminhos para a saída da presidente: 1) mostrar que Dilma Rousseff obstruiu o trabalho de investigação na Petrobrás; 2) por decisão do Tribunal Superior Eleitoral que resultaria em novas eleições ou 3) a renúncia.
"A maneira mais rápida e melhor para a senhora Rousseff deixar o Planalto seria a renúncia antes de ser empurrada para fora", defende o editorial. No último dia 20, o britânico The Guardian disse que a presidente deveria renunciar se não conseguir controlar a agitação social, que representa risco de intervenção militar.
Sem Dilma, a Economist acredita que o Brasil poderia ter um governo de coalizão liderado por Michel Temer para executar reformas necessárias para estabilizar a economia e acabar com o déficit público próximo de 11% do Produto Interno Bruto.
O editorial nota, porém, que Temer também está "profundamente envolvido no escândalo da Petrobrás como o PT". Assim, apenas "novas eleições presidenciais poderiam dar aos eleitores uma oportunidade de confiar as reformas a um novo líder".