Cartaz pedindo "Fora Todos": movimento de renovação total é semelhante ao argentino (Reprodução)
Guilherme Dearo
Publicado em 16 de abril de 2016 às 14h38.
São Paulo - A revista Americas Quarterly comparou a atual crise brasileira com a crise da Argentina no começo dos anos 2000.
Em artigo de Brian Winter, a publicação encontra semelhanças entre o movimento "Que se vayan todos" na Argentina e o desejo atual no Brasil de promover um grande "recomeço" na política.
Em 2001, a economia argentina entrou em colapso. O governo de Fernando de la Rua destruiu as contas públicas. Quando as manifestações nas ruas se tornaram violentas, o presidente renunciou (e fugiu de helicóptero).
Os dias seguintes não foram melhores. Em duas semanas, o país teve cinco presidentes diferentes. Ninguém dava conta do grande desafio à frente.
Nascia ali o slogan "¡Que se vayan todos!": "Que saim todos!". Era um momento de renovação total. O resultado foi Nestor Kirchner, vencedor com apenas 22% dos votos.
Segundo a AQ, momento semelhante toma conta do Brasil.
"A economia não está tão ruim quanto estava a da Argentina naquela época, e ninguém ainda embarcou em um helicóptero. Mas o público brasileiro parece estar chegando à mesma conclusão — de que ninguém no cenário político atual é competente ou limpo o suficiente para lidar com a enorme crise que o país enfrenta", diz o artigo.
O texto lembra que os "sucessores" de Dilma - Michel Temer, PMDB e Eduardo Cunha - estão manchados e enfrentam denúncias de corrupção.
Assim, já é possível encontrar nas ruas cartazes com a frase "Fora Todos Eles".
O PSTU é um dos partidos que defende a saída total do PT, mas nem de longe espera encontrar no PMDB e no PSDB a solução. A sigla defende eleições gerais imediatas.
Sobre a economia, Winter analisa:
"Mesmo que o processo de impeachment prossiga, agora parece que um governo Temer não seria a panaceia que muitos investidores esperavam. Colocar a economia brasileira nos trilhos é relativamente simples —vai ser necessário austeridade, uma abertura ao comércio, e uma guerra contra a burocracia que sufoca as pequenas e grandes empresas".
Contudo, essas medidas duras porém necessárias seriam impopulares - o que dificultaria o mandato de qualquer sucessor de Temer. Ou seja, manifestações e insatisfações continuariam.