Rio: o preço das diárias caiu cerca de 15% ante 2016, um ajuste diante do aumento do número de quartos na cidade (RioTur/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 09h33.
Rio de Janeiro - O réveillon está sendo tratado pela indústria do turismo como a redenção do Rio após um ano de agravamento das crises econômica, política e de segurança. A taxa de ocupação do setor hoteleiro na capital é de 83%, sendo 92% na região de Copacabana e do Leme, na zona sul. Em todo o verão são esperados três milhões de turistas na cidade.
Nesses bairros, a queima de fogos, apresentada como "a maior e mais famosa do mundo", será incrementada. Na Barra da Tijuca, que teve ampliação na oferta de quartos por causa da Olimpíada de 2016, e onde também haverá show pirotécnico, a taxa de ocupação é de 81%.
"Será uma retomada do turismo. A marca de hoje é ridícula: 6 milhões de turistas por ano no Brasil todo, enquanto Buenos Aires sozinha recebe 5 milhões. O quadro nacional melhora apenas se o do Rio melhorar. A cidade continua sendo a porta de entrada do País", avalia Alfredo Lopes, da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.
O preço das diárias caiu cerca de 15% ante 2016, um ajuste diante do aumento do número de quartos na cidade. Para Lopes, outro chamariz é a recém-iniciada emissão online de vistos para cidadãos de países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. Estima-se que essa facilidade pode elevar o fluxo de visitantes em 20%.
A avaliação do setor é de que o atoleiro político-econômico e a violência não contaminaram o turismo. "Estou ansiosa. Só ouvi falar maravilhas sobre o ano novo no Rio", afirmou a estudante americana Haley Patrícia, de 23 anos, enquanto tirava selfies no Cristo Redentor.
Ela foi levada à cidade pelo namorado carioca, o empresário Walter Maino, de 46 anos. "Não vamos à festa em Copacabana, acho muito confuso. Ficaremos na Barra. Ela se sente segura porque andamos de carro blindado", contou ele.
O vendedor mineiro Edivaldo Fernandes, de 47 anos, viajou para passar o Natal no Rio com mulher, filhas e genro. Eles não vão ficar para o réveillon, mas planejam voltar em outra oportunidade. "A gente ouve falar tanta coisa ruim o ano todo, mas sabe que no Rio só certos lugares são perigosos."
A Polícia Militar fluminense cancelou as férias de cerca de 2 mil agentes para reforçar o esquema de segurança, segundo a TV Globo. À Agência Estado, a PM não confirmou o cancelamento e disse que a "suspensão de férias e a alocação de parte do efetivo de áreas burocráticas para atividades-fim são procedimentos de rotina da corporação para atender demandas especiais".
Cristina Fritsch, da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Rio, acredita que os números do ano novo ainda vão crescer. Segundo ela, os brasileiros - 80% do total de visitantes, com destaque para paulistas e mineiros - tradicionalmente deixam para fechar pacotes na última hora. A expectativa é chegar a 95% de ocupação até o dia 31 - 10% acima do patamar de 2016. Entre os estrangeiros, os mais presentes serão argentinos e chilenos.
"Com a crise, muitos turistas nacionais deixaram de ir para o exterior e vêm para cá", afirma Cristina. "Os brasileiros entendem a cidade, sabem que a violência, por exemplo, não é tão grande nos bairros turísticos."
O investimento na virada soma oficialmente R$ 25 milhões, incluindo R$ 2 milhões do BNDES, recursos privados e da prefeitura. A Riotur aposta na extensão da permanência dos turistas, atraídos pela antecipação do carnaval, na segunda semana de fevereiro. "É um desperdício vir ao Rio e não conhecer a cidade", diz o presidente da Riotur, Marcelo Alves.
O réveillon em Copacabana terá a cantora Anitta como atração principal, após 17 minutos de fogos de artifício. Para o primeiro sábado do ano, dia 6, foi programado encontro inédito de mais de mil ritmistas de escolas de samba na praia de Copacabana com a Orquestra Petrobrás Sinfônica. A parceria pode entrar no Guinness Book, o livro dos recordes, como maior show de percussão do mundo. Neste mesmo fim de semana, blocos de carnaval já devem estar nas ruas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.