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Resultados no Pisa não são expressivos, dizem especialistas

Brasil ocupa o 58º lugar em matemática e o 55º lugar em leitura em um ranking de 65 países, resultados que não representaram melhorias expressivas


	Escola estadual de Rondônia: ao longo da última década o país apresentou avanços, mas que não representaram melhoria expressiva na aprendizagem
 (Governo do Estado de Rondônia)

Escola estadual de Rondônia: ao longo da última década o país apresentou avanços, mas que não representaram melhoria expressiva na aprendizagem (Governo do Estado de Rondônia)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 07h59.

Brasília - O Brasil ocupa o 58º lugar em matemática, o 55º lugar em leitura e o 59º lugar em ciências em um ranking de 65 países no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2012. O cenário não é muito diferente de 2009, quando o país assumiu a 53ª posição em leitura e ciências, e o 57º lugar em matemática. Segundo especialistas, ao longo da última década o país apresentou avanços que devem ser comemorados, mas que não representaram melhoria expressiva na aprendizagem.

A prova é aplicada a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e avalia o conhecimento de estudantes de 15 anos. A cada ano o relatório tem uma área como foco. Em 2012, o destaque foi para matemática. "A gente dá saltos, avança [na prática], mas não sai do lugar [no Pisa]", diz o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.

O relatório destaca que a pontuação em matemática aumentou em média 4,1 pontos por ano, passando de 356 em 2003 para 391 em 2012. A pontuação em leitura cresceu, desde 2000, a uma média de 1,2 pontos por ano – saindo de um patamar de 396 – e, desde 2006, a pontuação em ciências cresce a uma média de 2,3 pontos por ano, partindo de 390.

Nos três casos, no entanto, o país está abaixo da média dos países da OCDE e a maior parte dos estudantes tem conhecimentos básicos nas áreas. Em matemática, 67,1% estão no nível 1 ou inferior, ou seja, são capazes de fazer operações básicas e resolver problemas simples. Apenas 1,1% dos estudantes está no nível 5 ou 6 – o máximo – de proficiência.

Para Daniel Cara, parte do problema está no investimento. O Brasil investe, segundo o relatório, em média US$ 26.765 por estudante entre 6 e 15 anos. Um terço da média dos demais países da OCDE, US$ 83.382. Além do baixo investimento, o Brasil apresenta disparidades entre os estados e o Distrito Federal. Segundo ele, caberia ao governo federal diminuir e eliminar essas desigualdades.

A diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, diz que apesar de o posicionamento no ranking não ser bom, o país deve comemorar a inclusão de crianças e adolescentes na escola. Segundo o texto, as taxas de escolaridade para jovens de 15 anos, aumentaram de 65% em 2003 para 78% em 2012. O Brasil incluiu mais de 420 mil estudantes, o que o coloca atrás apenas da Indonésia nesse quesito.


"Os estudantes que foram incorporados são provenientes de famílias com patamares de renda mais baixos. Eles podem ter segurado a nota do Brasil", diz. "Mas isso não é negativo, é maravilhoso que aconteça, o país não pode tolerar um sistema que tem uma parcela de jovens fora da escola. Acontece que essa é uma tarefa que deveríamos ter feito anos atrás", acrescenta Priscila.

Tanto ela quanto Daniel Cara acreditam que para que o país melhore os índices de aprendizagem é necessário investimento na carreira dos professores.

O diretor executivo da Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos que atua em projetos de educação no país, Denis Mizne, diz que o resultado no Pisa mostra que o Brasil precisa voltar a atenção à aprendizagem. Segundo ele, falta uma definição clara de quais conhecimentos os estudantes devem dominar a cada etapa.

"O Brasil está fazendo um grande esforço em educação, mas está faltando uma orientação mais clara desses esforços. O foco tem que ser na aprendizagem e no que a gente espera que nossos alunos aprendam", avalia. De acordo com Mizne ter metas claras facilita também a formação dos professores. "O que vai mudar é o que se faz no dia a dia, na sala de aula. Os professores precisam de formação e ferramentas para que os alunos aprendam. É preciso também corrigir as disparidades com mais recursos para quem mais precisa".

Ele acrescenta que o país não tem permitido que os alunos em condições vulneráveis possam chegar, pela escola, ao nível dos demais. O levantamento mostra que no país, 1,9% dos estudantes superaram pela escola as condições socioeconômicas nas quais estão inseridos e obtiveram performance acima do esperado. Esse índice ultrapassa os 12,5% em Hong Kong e Macau (China), Singapura e Vietnã.

Mesmo com os problemas constatados, enquanto nos demais países da OCDE 80% dos estudantes se dizem felizes na escola e 78% estão satisfeitos, no Brasil, 85% sentem-se felizes na instituição e 73% satisfeitos. No entanto, enquanto nos demais países 61% acreditam que as condições na escola são ideais, o índice cai para 39% no Brasil.

A avaliação do Pisa 2012 foi aplicada a 510 mil alunos de 65 países. No Brasil, 18.589 em todos os estados e no Distrito Federal responderam às questões, em 767 escolas.

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