Brasil

Responsável por propina da Odebrecht jogou laptop no mar de Miami

Hilberto Mascarenhas também relatou ter descartado um pen drive com o programa que daria acesso ao banco de dados do setor de propina

Odebrecht: a decisão ocorreu após os avanços das investigações da Lava Jato (Paulo Whitaker/Reuters)

Odebrecht: a decisão ocorreu após os avanços das investigações da Lava Jato (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de abril de 2017 às 13h59.

Procurado por integrantes do setor de tecnologia da Odebrecht para entregar o computador pessoal, o diretor do setor de Operações Estruturadas, responsável pela distribuição de propinas, Hilberto Mascarenhas tomou a decisão de se desfazer do aparelho jogando-o ao mar, em Miami.

A decisão foi revelada pelo ex-dirigente em delação premiada prestada no âmbito da Operação Lava Jato. No depoimento, os investigadores questionaram Mascarenhas sobre a destruição de provas e mudanças do setor para a República Dominicana.

Ao falar sobre a entrega do laptop a um dos funcionários da área de tecnologia da empresa, Mascarenhas disse que não iria fazer o procedimento, uma vez que, no aparelho, além dos dados do setor, havia informações pessoais.

"Tentei tirar. Comprei um Hard Disc para poder gravar as coisas pessoais, mas não consegui porque na hora que disse que não ia entregar o computador, ele bloqueou as minhas senhas. Então, eu não conseguia ligar o computador. Desfiz do meu computador nessa viagem (a Miami) sem tirar minhas coisas pessoais e nem a da empresa", ressaltou o ex-dirigente.

Onde se desfez do aparelho? "Joguei no mar", ressaltou.

Segundo ele, junto com computador, foi jogado o Pen drive com o programa "Iron key", dispositivo que daria acesso ao banco de dados do setor de propina.

Ao falar sobre o conteúdo que continha no computador pessoal e no celular da empresa, o ex-diretor disse que não havia o costume de guardar muitas informações e alfinetou o ex-chefe Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora.

"O Marcelo vivia enchendo o saco da gente para não ter guardado nada no nosso (aparelho) e, quando ele foi preso, num dele tinha tudo", ironizou.

Mascarenhas também informou que a mudança do setor de propinas, em 2014, da cidade de Salvador (BA) para a República Dominicana foi uma decisão de Marcelo Odebrecht.

A decisão ocorreu após os avanços das investigações da Lava Jato. Na mudança, também foram transferidos os funcionários Luiz Eduardo Soares e Fernando Migliaccio, que passaram a trabalhar de segunda a sexta-feira na República Dominicana e nos finais de semana se encontravam com familiares em Miami.

"Ele insistiu muito e pressionou muito para o pessoal ir rápido. Ele foi muito forte na pressão dele. Os meninos foram, mas foram no corre e corre", relata Mascarenhas.

Em meio à "correria" para se fazer a mudança de endereço, Marcelo Odebrecht enviou e-mail para Mascarenhas para saber se os dois funcionários que haviam partido para o exterior estavam "tranquilos" e "disciplinados".

"Tinha muita preocupação de Marcelo em não desagradar a equipe. Eles estavam trabalhando na confiança, pelo o que passava de dinheiro na mão desse povo, se quisessem pegar 2 a 3 milhões e sumir no mundo, nunca mais ninguém achava", ressaltou Mascarenhas.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoDelação premiadaNovonor (ex-Odebrecht)Operação Lava Jato

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final