Brasil

Renato Feder recusa convite para assumir o Ministério da Educação

Desde a semana passada, aliados olavistas e militares vinham pressionando Bolsonaro para reverter a escolha do empresário como chefe do MEC

Renato Feder: alas ligadas ao escritor Olavo de Carvalho e aos militares no governo pressionam Bolsonaro para reverter o convite feito ao secretário (ANPR/Divulgação)

Renato Feder: alas ligadas ao escritor Olavo de Carvalho e aos militares no governo pressionam Bolsonaro para reverter o convite feito ao secretário (ANPR/Divulgação)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 5 de julho de 2020 às 15h10.

Última atualização em 5 de julho de 2020 às 15h36.

O empresário Renato Feder, atual secretário de Educação do Paraná, usou as redes sociais neste domingo, 5, para agradecer e declinar o convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro para que ele assumisse o cargo de ministro da Educação.

Em sua conta no Twitter, Feder afirmou que recebeu o convite na noite da última quinta-feira por meio de uma ligação do presidente, ficou honrado, mas que seguirá com sua atuação no Paraná.

Desde o anúncio da escolha, alas ligadas ao escritor Olavo de Carvalho e aos militares no governo pressionam Bolsonaro para reverter o convite feito ao secretário. Com isso, ele ficou de fora antes mesmo de ser anunciado oficialmente e é o segundo cotado da pasta que cai sem nunca ter sido ministro efetivamente.

A pasta do MEC está sem titular desde a saída de Abraham Weintraub, no último dia 18, após o governo ser pressionado a fazer um gesto de trégua ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-ministro chamou integrantes da Corte de "vagabundos" em uma reunião ministerial. Bolsonaro chegou a escolher o economista Carlos Alberto Decotelli para a pasta. O governo, porém, pediu que ele deixasse o cargo após questionamentos a seu currículo.

Reação

Antes de anunciar o "não" ao convite de Bolsonaro, o secretário Renato Feder usou as redes sociais para reagir à pressão de alas ligadas ao escritor Olavo de Carvalho e aos militares no governo federal.

Pelo Twitter, o paranaense publicou uma série de mensagens neste domingo, 5, com seu currículo e se defendeu de ataques que recebeu.

Uma das respostas dadas por ele foi à suposta divulgação de livros com "ideologia de gênero" - um tema caro a bolsonaristas - no Paraná. "Não existe nenhum material com esse conteúdo aprovado ou distribuído pela Secretaria", escreveu.

Os militares também foram surpreendidos com o convite do presidente e querem um nome ligado a eles. Dessa forma, a nomeação de Renato Feder era uma dúvida no Palácio do Planalto.

Neste domingo, 5, o paranaense escreveu no Twitter que gostaria de ser avaliado pelos índices da Educação no Paraná, e não por manifestações feitas no passado. Em 2007, Feder escreveu um livro defendendo a extinção do MEC e a privatização da rede de ensino no Brasil.

Ao Estadão, ele havia dito que não acredita mais nessa visão e, pelas redes sociais, reforçou o posicionamento mais uma vez. "Escrevi um livro quando tinha 26 anos de idade. Hoje, mais maduro e experiente, mudei de opinião sobre as ideias contidas nele."

Na mesma sequência de mensagens, o secretário de Educação comemorou um dado incomum: a transferência de alunos de 10 mil famílias das escolas particulares para o ensino público no Paraná. A migração foi um efeito da pandemia de covid-19 e da crise econômica que se intensificou neste ano. Para o secretário porém, "não existe melhor prova do que isso de que estamos em um bom caminho."

Acompanhe tudo sobre:abraham-weintraubGoverno BolsonaroMEC – Ministério da EducaçãoParaná

Mais de Brasil

Enem 2024: prazo para pedir reaplicação de provas termina hoje

Qual é a multa por excesso de velocidade?

Apesar da alta, indústria vê sinal amarelo com cenário de juros elevado, diz economista do Iedi