Senador Renan Calheiros em sessão no Senado: seu partido, o PMDB, vai discutir permanência ou não no governo em reunião no dia 29. (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2016 às 20h30.
O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou hoje (17) que não foi à posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na chefia da Casa Civil da Presidência da República porque não queria que sua presença fosse interpretada como uma participação política.
“Eu não tenho ido às posses. E tenho dito que, como presidente do Congresso Nacional, minha função é institucional. E nada que possa derivar para uma participação política ou partidária merece ter o meu prestigiamento. Senão, do ponto de vista do Congresso, estaremos embaçando o meu papel”, disse.
Renan também comentou as falas do ex-presidente interceptadas em grampo autorizado pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, nas quais Lula diz que o “Congresso se acovardou” diante dessa operação.
“Eu acho que qualquer comentário que desmereça as instituições não é bom para a democracia”, afirmou o senador.
Ele não quis comentar a posse do deputado mineiro Mauro Lopes, seu colega de partido, como ministro da Secretaria de Aviação Civil. Na última convenção nacional do PMDB, o partido decidiu que não assumiria nenhum novo cargo no governo pelos próximos 30 dias, até decidir se permanecerá como aliado do Palácio do Planalto.
Agora, por ter aceitado o cargo contrariando a deliberação do partido, Lopes pode sofrer sanções do PMDB.
“Em nenhum momento deste governo, eu participei com sugestão para a nomeação de ministros. Eu acho que essa é uma tarefa da presidente da República. Muito menos eu devo falar agora sobre a nomeação de um ministro do PMDB”, afirmou Renan.
Questionado sobre as cobranças para que seu partido se posicione com mais celeridade em relação ao apoio à presidenta Dilma Rousseff, diante do agravamento da crise política e institucional do país, Renan voltou a dizer que não fala pelo PMDB, mas admitiu que a legenda está dividida.
“O PMDB é um partido grande que tem correntes diferentes. É claro que em um momento como este, em que a sociedade está dividida, o PMDB tem várias posições. O esforço na convenção do PMDB foi no sentido de que não houvesse deliberação para não expressar essa divisão. Mas quem fala pelo PMDB é a direção”, ressaltou o senador.