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Relatório revela plano para sequestro de autoridade

Relatório diz que um dos principais traficantes do País planejava sequestrar uma autoridade pública e negociar sua libertação de um presídio


	Cadeia: sequestro envolveria esquema sofisticado, que consumiria R$ 3 milhões
 (Shad Gross/stock.XCHNG)

Cadeia: sequestro envolveria esquema sofisticado, que consumiria R$ 3 milhões (Shad Gross/stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2014 às 20h42.

Brasília - Relatório do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) diz que um dos principais traficantes do País planejava sequestrar uma autoridade pública e, como resgate, negociar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sua libertação de um presídio federal.

O alerta levou a Polícia Federal a providenciar escolta à filha do ministro, Mayra Cardozo, de 22 anos, também identificada em investigações como possível alvo de um ataque. Ela vive cercada de agentes.

O plano foi descoberto em maio de 2011, durante investigações da Coordenação-Geral de Informação e Inteligência Penitenciária, vinculada ao Depen.

Conforme o documento, o sequestro envolveria esquema sofisticado, que consumiria R$ 3 milhões. O alvo seria "autoridade indefinida".

Além da própria soltura, o traficante, que é ligado a duas facções do crime organizado, pretendia barganhar com Cardozo a liberação de outros barões do crime.

A escolta para Mayra - que serve também à mãe dela e ex-mulher de Cardozo, Sandra Jardim - foi determinada logo após o Depen receber as primeiras informações sobre o caso.

Em agosto do mesmo ano, o órgão confirmou o risco para familiares do ministro e recomendou a manutenção do esquema.

O relatório registra que, em 2007, antes mesmo de Cardozo assumir o cargo, o traficante aventava atentar contra pessoas próximas ao então ministro da Justiça em represália contra sua prisão no regime disciplinar diferenciado - que limita visitas, banhos de sol e contato com o mundo exterior.

Naquele ano, a pasta teve como titulares Márcio Thomaz Bastos e o atual governador do RS, Tarso Genro.

Mayra vive em São Paulo e se desloca em carro blindado, seguido sempre por ao menos dois policiais federais.

A escolta veio à tona em maio, depois que o veículo em que ela e mãe trafegavam foi abordado por criminosos no Morumbi (zona sul), numa suposta tentativa frustrada de assalto. Na ocasião, a PF confirmou a ação e explicou que o caso seria investigado em sigilo.

A escolta é alvo de denúncia do Sindicato dos Servidores da PF em São Paulo (Sindipolf-SP), segundo a qual familiares de ministros não têm, por lei, direito ao esquema de segurança.

Conforme o documento, Mayra é assistida por oito policiais federais de fora de São Paulo, que se revezam na vigilância. Em salários e diárias, o esquema já teria custado R$ 3,3 milhões.

Com base na denúncia do sindicato, a Controladoria-Geral da União (CGU) pediu explicações ao ministro.

A Polícia Federal informou que a proteção foi providenciada após alerta do Depen e que seu próprio setor de inteligência confirmou, depois, o risco a familiares de Cardozo.

A PF, porém, não deu detalhes do que foi apurado. Cardozo reiterou, por sua assessoria, que a escolta se deve ao risco apurado pelos setores de inteligência.

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