Campus da Uerj: desde o início do ano, a instituição enfrenta uma crise financeira, refletida no atraso nos pagamentos dos funcionários terceirizados (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2015 às 12h24.
Rio de Janeiro - O reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Vieiralves, suspendeu todas as atividades da instituição nessa sexta-feira, 22, por medo de protestos violentos organizados por "coletivos" através das redes sociais.
Segundo o reitor, os grupos pretendiam promover atos de violência contra o patrimônio e a integridade física dos servidores da Uerj e de membros do Conselho Universitário.
"A expectativa da 'sexta-feira da violência' é grave e preocupante. Todas as medidas administrativas serão tomadas, se forem necessárias. Todas as medidas para impedir a instalação de estado de terror em nossa Universidade também", disse Vieiralves em nota divulgada no site da Uerj.
O evento "Ocupa CONSUN" havia sido convocado pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais, com apoio do Movimento Universidade Necessária, Coletivo Filhxs da Pública e do Centro Acadêmico do Instituto de Artes.
Em nota divulgada na quinta-feira, 21, pelo Facebook, os grupos afirmam que o ato "em nenhum momento faz qualquer tipo de ameaça a integridade física dos conselheiros ou ao patrimônio da UERJ".
"Desde o Ato do dia 13 de maio, o Reitor busca criminalizar o Movimento Estudantil nos acusando de vandalismo, anti democráticos (sic) e de destruidores do patrimônio público, além de nos acusar de supostamente termos ameaçado fisicamente os membros do Conselho Universitário".
A nota defende que o ato tinha o objetivo de exigir que o reitor Ricardo Vieiralves incluísse na pauta do Conselho Universitário a discussão sobre a crise financeira na instituição e o atraso nos pagamentos aos funcionários terceirizados.
Na tarde de quinta-feira, 21, um protesto organizado por estudantes e pela Associação de Docentes da Uerj (Asduerj) chegou a interditar o trânsito na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras (zona sul).
Os manifestantes partiram do Largo do Machado em direção ao Palácio Guanabara, sede do governo do Estado, reivindicando a regularização do pagamento dos terceirizados e bolsistas e a recuperação dos salários dos professores e técnico-administrativos, entre outros pontos. Não houve, porém, incidentes.
Na noite do último dia 13, outro grupo de manifestantes tentou invadir a reitoria da instituição, depredou suas dependências e agrediu funcionários, após um protesto na frente da Uerj, no Maracanã (zona norte). Cinco servidores foram agredidos e tiveram de ser atendidos no Hospital Universitário Pedro Ernesto, segundo a Uerj.
O episódio foi registrado na 18º DP (Praça da Bandeira) e também será investigado por meio de um procedimento administrativo. "Não podemos permitir que atos com os da quarta-feira, 13 de maio, se repitam. Não podemos permitir que a nossa Instituição seja depredada e destruída", diz a nota do reitor divulgada nesta sexta-feira.
Crise
Desde o início do ano, a Uerj enfrenta uma crise financeira, refletida no atraso nos pagamentos dos funcionários terceirizados. Serviços de limpeza e manutenção chegaram a ser suspensos por 15 dias neste mês de maio, gerando acúmulo de lixo e sujeira nos corredores e banheiros do campus do Maracanã, na zona norte do Rio.
"É preciso esclarecer que não é a Uerj a responsável por este pagamento, mas a Secretaria de Estado de Fazenda. É preciso dizer que: não há, no momento, mais nenhum trabalhador desses serviços com salários atrasados em nossa instituição", diz o reitor.