Fachada do Hospital Universitário (HU) da Universidade de São Paulo (USP) (Marcos Santos/USP Imagens)
Mariana Desidério
Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 08h46.
São Paulo – O reitor da USP (Universidade de São Paulo) Marco Antonio Zago levantou a possibilidade de que ex-alunos da instituição prestem serviços à sociedade como forma de “compensação pela oportunidade de estudar em uma universidade pública”.
A afirmação foi feita durante reunião do Conselho Universitário em novembro e está registrada em ata. Na ocasião, Zago ressaltou que as universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) “acolhem menos que 5% de todos os 460 mil estudantes que terminam o ensino secundário no Estado”.
Em seguida, o reitor questionou: “Está a USP fazendo o máximo e o melhor que deve para atender a sociedade?”. Zago destacou que, em 2013, a universidade recebeu do governo estadual cerca de R$ 47 mil por aluno. As informações foram publicadas incialmente pelo jornal Folha de S.Paulo.
Durante a reunião, Zago descartou a possibilidade de cobrar mensalidade de estudantes com maior renda. A USP vive uma grave crise financeira.
Não é nova a discussão sobre a possibilidade de se cobrar contrapartidas de profissionais formados em instituições públicas. Porém, iniciativas do tipo enfrentam resistência de parte da sociedade, em especial entidades de classe.
O tema voltou ao debate recentemente, quando a presidente Dilma Rousseff propôs que médicos fossem obrigados a trabalhar por dois anos na rede pública. A exigência não foi adiante devido à resistência de entidades médicas e faculdades.
Também há no Congresso algumas propostas que tratam do assunto. Uma delas, de autoria do deputado Geraldo Resende (PMDB-MS), obriga profissionais da área da saúde formados em instituições públicas a prestar serviços em comunidades carentes.