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Reintegração de posse despeja 4,5 mil pessoas em São Paulo

A maioria das casas é de alvenaria, por isso, a ação de remoção das retroescavadeiras deve durar até o fim do dia


	Reintegração de posse de terreno: participaram da ação, homens da cavalaria, da Tropa de Choque, com oito máquinas retroescavadeiras e de dez caminhões para retirar os pertences dos moradores
 (Marcelo Camargo/ABr)

Reintegração de posse de terreno: participaram da ação, homens da cavalaria, da Tropa de Choque, com oito máquinas retroescavadeiras e de dez caminhões para retirar os pertences dos moradores (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 11h31.

A reintegração de posse no terreno da ocupação Morada do Sol, onde viviam 4,5 mil pessoas, começou na manhã de hoje (5). Cerca de 800 famílias moravam no local, no extremo sul da capital paulista, há 2 anos e 3 meses.

A maioria das casas é de alvenaria, por isso, a ação de remoção das retroescavadeiras deve durar até o fim do dia.

O terreno de 395 mil metros, na Estrada do Barro Branco, é particular e de difícil acesso. Segundo o tenente-coronel Celso, do 50º Batalhão da Polícia Militar, isso prejudicou o trabalho da polícia.

Participaram da ação, homens da cavalaria, da Tropa de Choque, com o apoio de oito máquinas retroescavadeiras e de dez caminhões para retirar os pertences dos moradores.

Quando a polícia chegou, às 6h, 90% dos moradores já haviam deixado, de acordo com o tenente-coronel, embora alguns tenham ficado e ateado fogo a barracos e a entulhos. Havia pelo menos cinco focos de incêndio por volta das 9h30.

Raimundo Nonato Ribeiro da Silva, líder da ocupação, explica que as pessoas resolveram abandonar as casas na última terça-feira (29), após uma ação da PM dentro da ocupação.

“Na terça-feira, teve confronto, teve barricada, bomba, gente ferida por bala de borracha. Nesse dia, os moradores desistiram de continuar, porque quem é que vai querer ficar no meio de uma guerra?”, questionou.

Raimundo relata que a truculência da polícia causou pânico. “A polícia derrubou em torno de dez casas, mas recuou porque não tinham a ordem naquele dia”, acrescentou.

O tenente-coronel disse que, na terça feira, a polícia foi ao local fazer um levantamento para elaboração de um planejamento antes da reintegração que ocorreria hoje.

“Detectamos indivíduos que não pertenciam à invasão, que se agruparam aos que pertenciam e fizeram desordem. Não houve enfrentamento, houve desordem pública. Foi necessário ação da polícia militar pra liberar as vias.”

Os feridos, segundo o tenente-coronel, foram atingidos por pedras atiradas pelos moradores. Celso confirma a demolição antecipada no terreno.

“Só foram demolidas algumas paredes. Na acepção jurídica, casa é qualquer compartimento habitável. Então, nenhum compartimento habitável foi demolido. Foi uma ação incipiente, porque tinha máquina, e o engenheiro aproveitou”, disse.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a ação de terça-feira foi uma manifestação de aproximadamente 120 pessoas contra a reintegração de posse.

“Os manifestantes interditaram vias e colocaram fogo em pneus, entulho e em um galpão vazio. Policiais Militares foram acionados e realizaram ações de controle de distúrbios civis para que fosse possível combater o fogo e liberar as vias.”

Famílias sem moradia

Entre as poucas famílias que ainda tentavam retirar móveis e pertences nesta manhã estava a de Helio Robson Santana, taxista, de 31 anos.

Ele estava na ocupação há 2 anos, e vivia com as duas filhas, uma de 3 anos e outra de 6 anos, e a esposa. Ele havia investido R$ 60 mil, que juntou durante dez anos para construir a casa.

“Vou voltar para o aluguel, não temos outro lugar pra ir. Um aluguel pra uma família igual a minha é no mínimo R$ 800. Uma casa sem garagem. Fica ruim, vou trabalhar só para pagar aluguel.”

Juliana Maria da Silva, 27 anos, não tem emprego fixo e precisa sustentar a filha de 2 anos. “Agora eu estou atrás de um cômodo emprestado para colocar as coisas, não tenho condições de pagar um aluguel. Eu estava há 8 meses aqui, era bom morar aqui. Ter meu cantinho. Qual é a mãe de família que quer ver a casa ser derrubada?”

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