Ministro da Educação, Aloizio Mercadante: ele despachou informalmente no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto, já que a atual titular, Gleisi Hoffmann, está em férias (José Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2014 às 07h41.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff começou nesta segunda-feira, 20, a desenhar a reforma ministerial do último ano de seu governo, escolhendo "intocáveis" para postos-chave, que não serão substituídos caso ela venha a ser reeleita em outubro.
Nessa lista estão o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), que será o novo titular da Casa Civil, e o empresário Josué Gomes da Silva (PMDB), prestes a assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Dez ministros devem deixar os cargos para concorrer às eleições. Na reforma, Dilma tenta uma equação que agregue apoio para conquistar o segundo mandato e desemperrar o que está parado na gestão. O anúncio das trocas na Esplanada será em fevereiro.
Mercadante despachou informalmente no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto, já que a atual titular, Gleisi Hoffmann, está em férias. Também petista, Gleisi deixará o cargo para disputar o governo do Paraná.
Na vaga de Mercadante entrará o atual secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim.
Mercadante também foi ao Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente, para uma reunião de cinco horas da qual participaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma. A reforma ministerial foi um dos temas principais.
Pessoal
A presidente adotou como critério para as futuras trocas não apenas a ampliação do arco de alianças partidárias para a campanha da reeleição, mas também indicações de sua cota pessoal. Na prática, ela quer pôr em cargos estratégicos vários "gerentes" para tocar as principais áreas e mostrar serviço.
Após a disputa vitoriosa de 2010, Dilma compôs a equipe com nomes apadrinhados por Lula. Mas, dois anos depois da "faxina" que derrubou sete ministros suspeitos de corrupção, ela quer impor um estilo próprio ao governo.
Tem, no entanto, enfrentado dificuldades, já que o PMDB do vice, Michel Temer, não se conforma em não ter o seu espaço ampliado, das atuais cinco para seis pastas.
O atual secretário da Saúde de São Bernardo do Campo, Arthur Chioro (PT), será ministro da Saúde. Chioro substituirá Alexandre Padilha, que deixará a pasta para concorrer ao governo de São Paulo pelo PT.
Filho do vice-presidente José Alencar, Josué deverá assumir em fevereiro o Ministério do Desenvolvimento, hoje dirigido por Fernando Pimentel (PT), que deixará a pasta para concorrer ao governo de Minas Gerais.
Recém-filiado ao PMDB, Josué preside a Coteminas e Dilma avalia que a experiência dele é fundamental para aproximar os empresários do governo. Representantes da indústria criticam a gestão Dilma e vários deles já se reuniram com Lula para expor as queixas ao que chamam de "centralismo" da presidente.
O encontro de Dilma com Lula também serviu para fazer um balanço sobre a montagem dos palanques estaduais. Dirigentes do PMDB já decidiram conversar com Lula, a partir da próxima semana, para expor as preocupações. Até agora, só há acordo entre PT e PMDB para três palanques: Distrito Federal, Pará e Amazonas.
O PMDB não deve ganhar o Ministério da Integração Nacional, que já foi controlado pelo PSB do governador Eduardo Campos, provável adversário de Dilma na eleição, mas pode ser "compensado" com outra pasta.
Apesar dos protestos do PMDB, que quer emplacar o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) na Integração, Dilma vai oferecer ao partido a Secretaria de Portos.
No "xadrez" planejado pela presidente, o PMDB ganha Portos, mas perde o Ministério do Turismo, que deve ir para Benito Gama, presidente do PTB.
A Integração fica sob comando do novo aliado PROS, do governador do Ceará, Cid Gomes, e o Ministério da Ciência e Tecnologia, hoje com o PT, pode ir para o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab.
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deve permanecer na equipe. Dilma conversou com o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), que deixará o cargo para disputar o governo do Rio. Segundo a assessoria de Crivella, Dilma aceitou o pedido do ministro de ficar na pasta até abril, último prazo para candidatos às eleições deixarem os cargos.
Dilma teria assegurado a Crivella que a Pesca continua com o PRB. O PT quer "puxar" o ministro para vice na chapa liderada pelo senador Lindbergh Farias na disputa fluminense, mas ele resiste.
Além de Lula, Dilma e Mercadante, participaram da reunião o ex-ministro Franklin Martins - que será coordenador de comunicação da campanha presidencial - e Giles Azevedo, chefe de gabinete do governo.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), também é cotado para integrar a equipe da campanha de Dilma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.