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Reforma ministerial é virada para Dilma Rousseff?

O fato de a presidente estar cortando 8 ministérios pode ter um efeito simbólico positivo, mas é pouco relevante do ponto de vista fisca

A presidente Dilma Rousseff durante a Assembleia Geral da ONU (John Moore/Getty Images)

A presidente Dilma Rousseff durante a Assembleia Geral da ONU (John Moore/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2015 às 17h18.

O dólar reverteu a alta no final da manhã, em um movimento que coincidiu com o anúncio da reforma ministerial pela presidente Dilma Rousseff.

A recuperação do real, contudo, parece mais relacionada ao mercado externo, pois outras moedas também mostram bom desempenho após indicador de emprego fraco nos EUA reduzir a aposta em alta dos juros do Fed.

O cenário político interno ainda é incerto, apesar de a presidente estar claramente ensaiando uma reação.

O indicador divulgado nos EUA, mostrando criação de empregos menor que o previsto, tem um lado positivo, o de adiar a alta dos juros do Fed, e outro negativo, o de mostrar que a economia americana não está tão forte quanto se pensava.

O ponto de vista estritamente financeiro, que é o que conta para o câmbio num primeiro momento, está tendo peso maior, o que ajuda o dólar a cair.

Quanto à reforma de Dilma, a notícia doméstica de impacto do dia, ainda prevalece uma avaliação cética no mercado.

O fato de a presidente estar cortando 8 ministérios pode ter um efeito simbólico positivo, mas é pouco relevante do ponto de vista fiscal.

O aspecto mais relevante pode ser político. Com o PMDB e Lula ganhando mais peso no governo, a presidente pode se blindar, ao menos parcialmente, contra a ameaça de impeachment.

O aspecto negativo para Dilma é que fica claro que ela está perdendo o controle sobre seu próprio governo, diz Cláudio Adilson, sócio da consultoria MCM e que assessorou o ministério da Fazenda na década de 1980.

Não é normal, afirma o economista, um presidente trocar os ministros da Saúde e Educação, tirando técnicos, ainda que suas atuações não fossem impecáveis, e colocando políticos no lugar. “A presidente está nas mãos do PMDB e do Lula”.

Não havendo um fato novo na política, a reforma ajuda a reduzir o risco de impeachment para menos de 50%, mas os riscos persistem, diz Adilson. Ele lembra que a economia está em recessão e não chegou ao fundo do poço, o que ajuda a enfraquecer a presidente. Além disso, Dilma continua ameaçada pelo julgamento do TCU sobre as pedaladas.

Há ainda a incerteza relacionada às investigações da Lava Jato.

Adilson considera que, independente da reforma ministerial, há espaço para o governo prosseguir cortando gastos, mesmo sem mudanças legais.

A outra perna do ajuste fiscal, que é a elevação da CPMF, por outro lado, o economista considera que não será aprovada nem mesmo com o novo arranjo político.

A sociedade não quer aumento de imposto e o Congresso deve refletir essa posição.

Quanto à redução dos ministérios, ainda que o efeito fiscal seja pouco relevante, não deixa de ser um alento ver o governo entender que nem tudo que é importante, como a pesca e a igualdade racial, precisa de um ministério próprio.

Só não precisava ter demorado quase 5 anos para aceitar o óbvio.

--Com a colaboração de Marisa Castellani em São Paulo.

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