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Reforma ministerial amplia distância entre Temer e Dilma

Desde o mês passado, quando o vice-presidente disse que "alguém" precisava unir o Brasil, o poder dele vem sendo desidratado


	Michel Temer e Dilma Rousseff: relação delicada depois que vice-presidente disse que "algúem" precisava unir o Brasil
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer e Dilma Rousseff: relação delicada depois que vice-presidente disse que "algúem" precisava unir o Brasil (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2015 às 10h06.

Brasília - As negociações para a composição da nova equipe ministerial da presidente Dilma Rousseff, articuladas por integrantes da cúpula do governo e por líderes dos partidos aliados, ampliaram o afastamento entre a petista e seu vice, Michel Temer.

Conforme relatos de peemedebistas, o novo arranjo da Esplanada proposto pelo Palácio do Planalto diminui o poder de Temer, que, em resposta imediata, atuou para travar o avanço das mudanças.

As discussões sobre a nova divisão dos espaços do governo também ocorrem no momento em que Temer tem sido excluído pelo Planalto das principais decisões do Executivo.

Desde o mês passado, quando Temer afirmou que "alguém" precisava unir o País diante do avanço das crises econômica e política, o poder dele vem sendo desidratado gradativamente.

Articulada nos bastidores, a reação do vice pode comprometer a reforma que tem por objetivo afastar o risco de impeachment da presidente no Congresso e aprovar o ajuste considerado vital para diminuir o impacto da crise econômica.

Na noite da quarta-feira passada, 23, no entra e sai de lideranças do PMDB do gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-ministro e senador Edison Lobão (MA) deu a senha: "O presidente Michel Temer acha que é necessária, mas é contra a reforma agora".

Apesar de o senador condicionar o avanço da reforma ministerial à votação de propostas de interesse do governo, é outra a avaliação de congressistas da legenda. As negociações "emperraram", na avaliação deles, porque Temer entrou no circuito para embaralhar o avanço das mudanças sugeridas pela cúpula do Palácio do Planalto.

O vice, para eles, percebeu que perderia espaços na Esplanada e, consequentemente, prestígio no partido. Nas palavras de um líder do PMDB, Temer "tem tensionado (as negociações)".

No rascunho da reforma apresentado aos congressistas por integrantes do Executivo, as Secretarias de Portos e da Aviação Civil, atualmente ocupadas por ministros ligados a Temer, devem ser distribuídas às bancadas do partido na Câmara e no Senado.

Os deputados peemedebistas também devem indicar o novo ministro da Saúde, pasta que detém o maior orçamento da Esplanada.

Esse redesenho dos ministérios, que segue a lógica de que a preferência é de quem tem voto, tem sido comemorado no Congresso. Alguns peemedebistas lembram que, no início do governo, Dilma tratava dos principais espaços do governo federal apenas com os presidentes das legendas.

Com o atual cenário de crise, em que o Congresso poderá conduzir um processo de impeachment, essa prerrogativa teve de ser revista e transferida às bancadas.

Programa

Mal recebida pelo Planalto, a frase dita por Temer em agosto serviu como mote para o programa partidário do PMDB que foi ao ar em cadeia nacional de rádio e TV na quinta-feira, 24.

Entre os vários recados enviados ao governo, o programa apresentou a imagem de Temer, presidente da legenda, formada a partir de um mosaico composto pelas principais lideranças do partido. O jogo de imagens teve como objetivo mostrar que o vice-presidente conta com apoio interno.

Na prática, entretanto, após ser afastado da articulação política e isolado pelo Palácio do Planalto, nem deputados nem senadores do partido defenderam nomes do grupo de Temer para compor a equipe ministerial na semana passada.

O único da cota do vice-presidente que deve ficar na Esplanada é o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves. Preocupado em assegurar o posto, ele tem intensificado o corpo a corpo com integrantes do partido no Congresso. A iniciativa dele se deve, em parte, pelos sinais de Temer de que, inicialmente, não indicaria ninguém para compor a nova equipe.

Renan e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também adotaram a mesma postura. Embora as declarações públicas sejam nesse sentido, os dois "operaram" diretamente com os líderes do partido escalados para as negociações com o Planalto.

Líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE) tem relatado todos os passos a Renan. E Cunha tem recebido "informes" do líder na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). Uma das missões de Eunício é assegurar a permanência no primeiro escalão do ministro da Pesca, Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).

A Pesca deve ser incorporada ao Ministério da Agricultura, sob o comando de Kátia Abreu (PMDB). A informação nos bastidores era de que Helder deverá ocupar uma das vagas de "ministro de Temer" - Portos ou Aviação Civil. A segunda opção deve ficar com um deputado do PMDB, indicado por Picciani. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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