Dilma Rousseff: a presidente rá participar da cerimônia de entrega do Prêmio Direitos Humanos, em que 23 pessoas e instituições serão contempladas (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 15h57.
Brasília – A reforma da estrutura do Estado por meio da elaboração e consolidação de políticas públicas setoriais e articuladas são medidas fundamentais para a superação da desigualdade no Brasil, afirmaram hoje (12) os participantes do seminário Paradigmas de Redução de Desigualdade com Base em Direitos Humanos, no Fórum Mundial de Direitos Humanos (FMDH).
A educação também foi citada como uma área estratégica para o respeito aos direitos humanos e a redução de desequilíbrios econômicos e sociais.
“O Estado atual não é compatível com o salto necessário para o enfrentamento da desigualdade e das violações em direitos humanos. A articulação de políticas públicas é necessária no século 21 para que haja a formação de novas maiorias políticas capazes de usar o Estado em prol de uma sociedade superior”, explicou o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e atual presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann.
Para ele, a desconstrução das políticas públicas do Estado foi resultado do paradigma neoliberal, que entendia que os Estados eram um problema e que a solução eram os mercados. “Houve um retrocesso no processo de intervenção sobre a desigualdade.
O resultado foi mais desigualdade e mais pobreza”, avaliou.
Segundo Pochmann, entre os desafios mais importantes para que se inicie um processo de redução das desigualdades são a educação e a disseminação de conhecimentos globais – em contraste ao conhecimento específico, que é mais valorizado atualmente.
“O que produzimos na ciência hoje não nos permite atuar sobre as causas, mas sobre as consequências. Teorias pós-modernas fragmentam a realidade e valorizam o conhecimento dos especialistas, que sabem cada vez mais sobre cada vez menos. É preciso construir um novo mundo com uma visão sobre a totalidade e não sobre as partes”, explicou.
De acordo com o consultor de órgãos das Nações Unidas (ONU) e ex-economista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Flávio Comim, é um equívoco acreditar que somente as pessoas que sofrem com a discriminação e a desigualdade são as que conhecem a causa. Isso, para ele, pode ser superado por meio da educação.
“O ponto de partida é válido, mas, na realidade, é essa superação pela educação, que é a possibilidade”, disse Comim.
O ex-integrante da ordem franciscana e um dos expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, Leonardo Boff, era esperado para participar do seminário sobre direitos humanos e vulnerabilidades. Por razões de saúde, Boff não pode viajar a Brasília.
O teólogo enviou uma mensagem aos participantes do fórum, em que pediu respeito e reconhecimento ao valor do próximo. “Tudo o que merece viver, merece existir. Somos filhos e filhas da terra. Por isso, é tão importante o cuidado com o outro para que todos mantenhamos vivas essas chamas dos direitos humanos”, disse Leonardo Boff, na mensagem.
Ainda hoje, no fórum, a presidente Dilma Rousseff irá participar da cerimônia de entrega do Prêmio Direitos Humanos, em que 23 pessoas e instituições serão contempladas.
O FMDH começou anteontem (10) e irá até amanhã (13), quando ainda serão debatidos temas como a transversalidade dos direitos humanos, o enfrentamento da violência e o desenvolvimento da cultura em direitos humanos. Nesses dias, o evento promoveu conferências, debates temáticos e atividades com a presença de autoridades, intelectuais e profissionais reconhecidos internacionalmente.
O encontro teve mais de 10 mil inscrições.