Nelson Jobim: O magistrado participou nesta terça-feira (26) do painel "redução da instabilidade do judiciário", em evento do BTG (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Natália Flach
Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 11h55.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 12h13.
São Paulo — A proposta de reforma da Previdência é correta, o problema é político, segundo Nelson Jobim, ex-ministro do Superior Tribunal Federal (STF) e ex-ministro de Justiça.
O magistrado participou nesta terça-feira (26) do painel "Redução da Instabilidade do Judiciário", na 20ª CEO Conference organizada pelo banco BTG Pactual em São Paulo.
"Não se constrói política com ordens e, sim, com conversa e humildade", disse Jobim, destacando que a questão vai além da estimativa de economias fiscais com a mudança nas aposentadorias.
"Há problemas potenciais, como o limite de idade, pois influencia o processo de transição. Se ficar aquém das necessidades nos próximos dez anos, a transição a ser estabelecida precisa ser mais dura. Outra questão é a desindexação do benefício e o salário mínimo. Se isso não for feito, quem vai arcar com o preço é o trabalhador da ativa. O terceiro ponto é a situação fiscal dos estados", afirma.
Para o ex-ministro, não adianta críticos fazerem conjecturas sobre a composição atual do Legislativo ou sobre o poder Judiciário. "A reforma da Previdência é um fato e o que precisamos é de uma estratégia para esse fato. Não vamos construir um país retaliando o passado. Esses os atores que temos, precisamos criar a partir daí sem nos eximir das responsabilidade", acrescenta.
O ex-colega de Supremo Carlos Ayres Britto concorda e vai além dizendo que é necessário um trabalho cuidadoso. "Mais do que previdência, é importante ter providência. Sou a favor da reforma da Previdência, mas estamos falando de um direito social e eu tenho medo do açodamento da pressa. Vamos com calma com o andor", afirma.
"Não vamos confundir pluralismo com diversionismo sectário. Há um roteiro legítimo: a Constituição."