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Redução de falhas, Wi-Fi e previsão de trens: os planos da ViaMobilidade para as linhas 8 e 9

Em entrevista exclusiva à EXAME, André Costa, diretor das linhas 8 e 9, aponta que a concessionária vê aumento da demanda e está preparada para atender até 1 milhão de pessoas

 (ViaMobilidade/Divulgação)

(ViaMobilidade/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 3 de novembro de 2024 às 10h13.

Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 09h59.

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O pior já passou. Essa é a defesa do diretor das linhas 8 e 9 da ViaMobilidade, André Costa, sobre as diversas falhas das linhas nos últimos anos. A promessa agora é de investimentos e melhorias, como Wi-Fi em todas as estações e painéis com previsão de chegada dos trens, revelou Costa em entrevista exclusiva à EXAME.

A ViaMobilidade, concessionária das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, enfrenta desafios nas operações, vê aumento da demanda, e aposta em investimentos para reduzir o número de falhas.

À EXAME, Costa explica que as operações vivem um "momento melhor", após um alto número de falhas desde que a concessionária assumiu o controle, em 2022.

No grupo CCR há 20 anos e com experiência em mobilidade, Costa destaca que os dados refletem o estado sucateado dos ativos herdados, que exigiram investimentos e novos processos. Dados apontam que o número de falhas em 2022 e 2023 nas linhas operadas pela concessionária chegaram a ser quase o dobro dos problemas das linhas operadas pela CPTM.

Com investimentos de R$ 3,5 bilhões, a ViaMobilidade foca em manutenção, atualização tecnológica e uso de inteligência artificial. A empresa afirma que as iniciativas têm melhorado os indicadores operacionais, que monitoram a disponibilidade e oferta de trens, além de acidentes e incidentes.

“Hoje, nossos indicadores operacionais estão na faixa de 86% a 87%, e buscamos elevar essa marca continuamente, visando atender melhor nossos contratos e a população”, afirma Costa.

Para reduzir as falhas, a aposta agora é melhorar a experiência dos passageiros. “A previsão de chegada de trens nas estações em tempo real será implementada, e vamos lançar o Wi-Fi gratuito em parceria com a Linktel em todas as estações", afirma. "Com isso, queremos transformar as estações em espaços de conveniência, onde o passageiro tenha acesso a informações úteis enquanto aguarda o próximo trem."

Costa também abordou os trens expressos para grandes eventos e o aumento da demanda.

Confira os principais trechos da entrevista:

Como está o desenvolvimento dos trens expressos para eventos? Qual a importância desses projetos para a empresa?

Esse desenvolvimento de grandes eventos é uma nova linha de negócios. Grandes eventos trazem fluxos intensos de pessoas em um curto espaço de tempo, e nosso objetivo é explorar essa capacidade adicional. A Fórmula 1, por exemplo, deve gerar um impacto de R$ 2 bilhões na economia de São Paulo em cerca de dez dias, entre a chegada das equipes e o término do evento. A ViaMobilidade oferece um transporte sustentável, com preço justo e previsibilidade para quem deseja chegar e sair do evento com mais conforto e segurança, sem prejudicar o atendimento convencional.

Diante do histórico de falhas, o que mudou na operação para melhorar a experiência dos usuários?

Em 2023, enfrentamos desafios contratuais e estruturais importantes, além da qualidade dos ativos que recebemos. Desde então, foram investidos mais de R$ 3,5 bilhões em melhorias, entre novos trens e tecnologias de monitoramento por inteligência artificial, que já reduziram mais de 60% das falhas na rede aérea. Implementamos o loop para reduzir o intervalo de trens para quatro minutos e meio nas horas de pico. Hoje, nossos indicadores operacionais estão na faixa de 86% a 87%, e buscamos elevar essa marca continuamente, visando atender melhor nossos contratos e a população.

Há uma meta para reduzir o intervalo entre trens para três minutos nas linhas 8 e 9? Como esse objetivo pode impactar a operação?

Nosso sistema de sinalização está sendo revitalizado, mas ainda não permite alcançar o intervalo de três minutos entre trens, conhecido como headway. Nosso objetivo principal não é exatamente o intervalo de três minutos, mas sim oferecer confiabilidade e rapidez ao passageiro. Estamos constantemente buscando melhorias operacionais e tecnológicas, como o loop, para otimizar o fluxo. Essa busca incessante por excelência está em nosso DNA, e avaliamos cada solução que possa agregar valor ao sistema e aos passageiros.

A demanda de passageiros tem aumentado. Como a ViaMobilidade está se preparando para atender a essa alta?

Fechamos o ano passado com uma média de 780 mil passageiros por dia útil. Este ano, estamos com uma média entre 815 e 820 mil, e já tivemos picos de até 850 mil passageiros em dias úteis. Nossa operação foi dimensionada para transportar até um milhão de passageiros diários, número esperado antes da pandemia. O transporte de alta capacidade é feito para atender fluxos intensos, especialmente nas horas de pico.

Quais são os próximos passos para reduzir a superlotação e garantir uma experiência melhor ao passageiro?

Temos focado na infraestrutura e no uso de dados para atender melhor os passageiros. Temos duas novidades que devem ser implementadas ainda esse ano. A previsão de chegada de trens nas estações em tempo real será implementada, e vamos lançar o wi-fi gratuito em parceria com a Linktel em todas as estações. Com isso, queremos transformar as estações em espaços de conveniência, onde o passageiro tenha acesso a informações úteis enquanto aguarda o próximo trem.

Como foi implementado o sistema de loop e qual o impacto esperado?

Com o loop, conseguimos colocar trens adicionais entre as estações Pinheiros e Vila Natal nos horários de pico, diminuindo o intervalo de sete para quatro minutos e meio. O sistema foi criado especialmente para melhorar o fluxo em regiões onde a demanda é mais alta, como Pinheiros, permitindo que os passageiros peguem trens vazios e reduzindo o tempo de espera.

Você mencionou o uso de inteligência artificial para reduzir falhas na rede aérea. Como essa tecnologia funciona?

Nossa equipe implementou uma ferramenta de monitoramento por inteligência artificial que está embarcada em dois trens, realizando diagnósticos constantes da rede aérea ao longo de toda a linha. Isso nos permitiu reduzir em 60% as falhas de rede aérea. A meta é alcançar resiliência e estabilidade no sistema para que o passageiro não perceba interrupções.

Qual o impacto do investimento em novos trens na operação das linhas 8 e 9?

Já recebemos 35 dos 36 novos trens planejados e, em novembro, receberemos o último. Além dos trens novos, estamos fazendo uma revisão geral nos trens recebidos do antigo operador público. Esses investimentos estão nos permitindo aumentar a oferta e melhorar a confiabilidade do serviço no horário de pico e ao longo do dia, oferecendo uma experiência de transporte mais confortável para os passageiros.

Como vocês enxergam o futuro das concessões de transporte sobre trilhos no Brasil?

A expansão do transporte sobre trilhos é um caminho sem volta, principalmente quando se trata de sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida. Esse é um setor que ainda precisa de mais investimento no Brasil, e acreditamos que o aumento das concessões pode atrair o setor privado, como já vemos em São Paulo e em outros grandes centros. A ViaMobilidade sempre estuda oportunidades de projetos onde possa agregar valor e entregar um serviço que seja confiável, rápido e sustentável.

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