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Recusa de Renan Calheiros é lamentável, diz ex-presidente do STF

"Deixar de acatar a decisão do ministro Marco Aurélio me soou como afrontoso da autoridade do Supremo", declarou

Ayres Britto: "o certo era cumprir a decisão e recorrer se fosse o caso", afirmou ex-presidente do STF (Valter Campanato/Agência Brasil)

Ayres Britto: "o certo era cumprir a decisão e recorrer se fosse o caso", afirmou ex-presidente do STF (Valter Campanato/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 17h06.

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto considerou "lamentável" a recusa do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, de não receber o oficial de Justiça e descumprir liminar do ministro Marco Aurélio Mello que o afastava da presidência da Casa.

"Deixar de acatar a decisão do ministro Marco Aurélio me soou como afrontoso da autoridade do Supremo", declarou durante o encerramento hoje (9) do Seminário Caminhos contra a Corrupção, promovido pelo Instituto Não Aceito Corrupção e pelo Tribunal de Contas de São Paulo.

Ao ser questionado sobre a recusa também da Mesa Diretora do Senado, Ayres Britto disse que ambos [mesa e o presidente do Senado] têm legitimidade processual para recorrer de qualquer decisão judicial.

"O certo era cumprir a decisão e recorrer se fosse o caso, tanto o presidente do Senado quanto a Mesa se encontram habilitados a recorrer de qualquer decisão judicial".

Sobre o combate à corrupção, Ayres Britto, demonstrou otimismo e destacou que o brasileiro está adiante dos políticos. "O povo brasileiro avançou, se arejou mentalmente mais do que a classe política", avaliou.

Para ele, os políticos terão que se superar para mudar essa realidade. "A classe política vai ter que fazer um esforço para se adaptar a esses sobrepasso mental da sociedade civil brasileira", completou.

O ex-presidente do STF acredita que a corrupção poderá ser combatida. "Quando a democracia experimenta esse freio de arrumação, quem não tiver com o cinto de segurança da decência, do dever de casa cumprido, da transparência, vai se dar mal. É o que está acontecendo", frisou.

Mensalão

O ex-ministro citou, durante o evento Caminhos contra a Corrupção, o julgamento do chamado Mensalão como um dos marcos da democracia por exigência coletiva já todos são iguais perante a lei.

"Isso é republicano por natureza", lembrou."Na Ação Penal 460, o chamado mensalão, pessoas muito bem postadas em diversos patamares foram condenadas", analisou Ayres Britto.

O ex-presidente do STF declarou, ainda, que a democracia não pode retroceder. "A democracia não pode experimentar retrocesso, é uma viagem de qualidade sem volta, um salto quântico".

Ele defende também que as instituições precisam funcionar e isso exige que a cidadania seja vigilante. "Cada instituição, sobretudo pública, não basta existir, tem que funcionar, tem que operar fiel à sua finalidade".

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