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Recomendo que procure ajuda psiquiátrica, diz Gilmar Mendes sobre Janot

Nesta quinta, ex-PGR Rodrigo Janot disse que chegou a ir armado para uma sessão do STF para matar o ministro do STF Gilmar Mendes

Gilmar Mendes: "Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Gilmar Mendes: "Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 09h37.

Última atualização em 27 de setembro de 2019 às 09h42.

São Paulo — O ministro do Supremo Tribunal (STF) Federal Gilmar Mendes se disse surpreso com a afirmação do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de que chegou a planejar assiná-lo.

No documento, divulgado nesta sexta-feira (27) Mendes lamenta o fato e recomenda que o ex-PGR procure ajuda psiquiátrica.

"Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer", escreveu Mendes.

O magistrado disse, ainda, que "o combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder".

Rodrigo Janot disse nesta quinta-feira (26) à imprensa que, no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes.

"Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar", afirmou Janot.

Segundo o ex-procurador-geral, logo depois de ele apresentar uma exceção de suspeição contra Mendes, o ministro difundiu "uma história mentirosa" sobre sua filha. "E isso me tirou do sério."

Leia a íntegra da carta de Gilmar Mendes em resposta a Janot:

"Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.

O combate à corrupção no Brasil - justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.

Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.

Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.

Recomendo que procure ajuda psiquiátrica.

Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal."

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