Tabata Amaral: aos 25 anos, deputada tem se destacado por suas pautas voltadas à educação (Luis Macedo/Agência Câmara)
Clara Cerioni
Publicado em 28 de março de 2019 às 15h51.
Última atualização em 28 de março de 2019 às 16h22.
São Paulo — "A mim resta lamentar o que está acontecendo e esperar que o senhor mude de atitude — o que parece completamente improvável — ou saia do cargo do ministro da Educação".
Com essa frase, a deputada federal Tabata Amaral (PDT) encerrou sua participação na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, realizada quarta-feira (27), chamando a atenção para a fraca atuação do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez.
O discurso da parlamentar foi compartilhado em seu Twitter e, em poucas horas, viralizou na internet. A postagem inicial já conta com mais de 60 mil curtidas e 17 mil compartilhamentos.
Deputada estreante, Tabata Amaral, 25 anos, tem se destacado por suas pautas voltadas à educação. Nascida na Vila Missionária, bairro pobre da zona sul de São Paulo, ela defende a educação como ferramenta de desenvolvimento social.
"Eu perdi meu pai para as drogas, perdi amigos e vizinhos para o crime e tenho plena consciência de que se eles tivessem completado o ensino fundamental, se eles tivessem tido qualquer chance na educação, eles não teriam morrido tão jovens", afirmou a deputada a Vélez durante a Comissão.
A parlamentar ainda completou: "Quando a gente fica nessa brincadeira de fumaça, nessa discussão ideológica; quando a gente não fala o que importa, porque é difícil de implementar, a gente está dizendo que é ok perdermos uma nação inteira porque eles nunca tiveram oportunidade".
Filha de uma diarista e de um cobrador de ônibus, Tabata subverteu as estatísticas da periferia desde cedo. Por seu desempenho exemplar na área de exatas, ela conquistou uma bolsa de estudos em uma escola particular da capital paulista.
Aproveitou as oportunidades e foi aceita na Universidade de Harvard, considerada uma das melhores instituições de ensino do mundo. Lá se formou em astrofísica e ciências políticas. Decidiu voltar ao Brasil para se dedicar à educação.
Fundou a ONG Mapa Educação, uma organização que atua para que a educação seja prioridade na agenda política nacional. Também integra a equipe do Acredito, movimento para formar novas lideranças políticas.
Em Brasília desde janeiro, a deputada participa da Comissão Permanente de Educação. Propôs também um projeto de lei sobre o repasse de transferências federais voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
O encontro desta quarta-feira tinha como finalidade questionar o chefe da pasta sobre seus planos para a área educacional. No entanto, durante as mais de quatro horas de reunião, Vélez não soube esclarecer os seus projetos para o MEC.
“Em um trimestre, não é possível que o senhor apresente um Power Point com dois, três desejos para cada área da educação. Cadê os projetos? Cadê as metas? Quem são os responsáveis? Isso aqui não é um planejamento estratégico. Isso aqui é uma lista de desejos“, disse a parlamentar.
Em seguida, ela cobra do ministro os números referentes à pasta. Vélez então responde que, se ela quer saber sobre dados, precisa procurar as secretarias de Educação, porque ele não sabe.
“Como é possível gerir uma pasta tão complexa, tão grande, tão importante como é o MEC, sem conhecer os dados? Eu não conheço um bom gestor que não conhece o mínimo do que está fazendo“, retrucou Tabata.
Durante os três primeiros meses de gestão, Vélez tem acumulado problemas — 15 exonerações, medidas polêmicas e seis recuos — e está enfraquecido. Sua manutenção na pasta ainda não está decidida.
Hoje participei de uma reunião com o Ministro Ricardo Veléz na Comissão de Educação. Insistentemente o questionei sobre quais eram os projetos e metas para melhorar a qualidade da educação no Brasil, mas não obtive resposta. pic.twitter.com/RyvyOawUJU
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) March 27, 2019