Eleições: negros são 54% da população brasileira, mas só 25% dos políticos eleitos (foto/Divulgação)
Luiza Calegari
Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 07h00.
Última atualização em 21 de dezembro de 2017 às 11h34.
São Paulo – Mais da metade dos eleitores negros de São Paulo se considera de esquerda ou centro-esquerda, segundo uma pesquisa on-line da consultoria de estudos de mercado B4B.
A maioria (45%) pretende votar em Joaquim Barbosa, se ele oficializar sua candidatura para a eleição do ano que vem.
Entre os entrevistados pela B4B, 44% se disseram de esquerda, 10% de centro-esquerda, e outros 30% afirmaram não ter posição política.
A direita e a centro-direita, juntas, correspondem a 10% das posições citadas, e outros 4% responderam não saber. Os 2% restantes citaram outras posições, como anarquismo e pan-africanismo.
No entanto, quando apresentados a uma lista de partidos políticos e perguntados qual deles os representava, 37% dos entrevistados responderam nenhum.
O partido com mais representatividade entre os negros foi o PT, com 30% das respostas, seguido por PSOL (16%), a Frente Favela Brasil (11%), PV (10%) e PSDB (7%).
O pré-candidato preferido pelos negros entrevistados pela B4B é o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. 45,2% disseram que votariam ou votariam com certeza nele. A rejeição, por sua vez, é de 26,6%, somando as respostas de "provavelmente não votaria" e "não votaria em hipótese alguma".
Em seguida, aparece o ex-presidente Lula, com aprovação de 41% e rejeição de 39%. Fernando Haddad e MV Bill, que aparecem em seguida na lista, têm aprovação de 39,7% e 35,4%.
O candidato mais rejeitado por essa parcela da população é Jair Bolsonaro, que recentemente foi condenado a pagar indenização por ter ofendido comunidades quilombolas. Ele é rejeitado por 75,5% dos entrevistados.
A B4B também perguntou quem é o político, candidato ou personalidade que mais representava os entrevistados, com resposta espontânea. "Nenhum" levou a dianteira novamente, com 30% das respostas. Em seguida, aparecem Lula (11%) e Eduardo Suplicy (8%). A primeira pessoa negra a aparecer nas respostas é Leci Brandão (7%), que tem o mesmo percentual de Jair Bolsonaro.
Uma das questões levantadas pela pesquisa foi a da falta de representatividade dos negros na política. A consultoria apresentou dados do IBGE informando que 54% da população brasileira é de negros e pardos, porém, nas eleições de 2014, 76% dos políticos eleitos eram brancos.
Quando questionados sobre o motivo dessa disparidade, 64% dos entrevistados responderam que a razão era o racismo estrutural, e outros 40% citaram a falta de candidatos negros. 14% citaram a falta de identificação com os partidos, e 13% a falta de interesse. Falta de competência foi escolhida como razão apenas por 6% dos entrevistados (essa pergunta admitia mais de uma resposta).