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Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 28 de junho de 2024 às 11h16.
O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, foi preso nesta manhã de sexta-feira, 28, em Madrid, na Espanha, após a Polícia Federal deflagrar uma operação que investiga a participação de ex-diretores da empresa em fraudes contábeis que chegam ao montante de R$ 25,3 bilhões.
Gutierrez foi incluído na lista de procurados da Interpol após ser considerado foragido pela PF. O executivo negou repetidas vezes que estava ligado às irregularidades no caso de fraude na varejista. Ele tem cidadania espanhola e vivia em Madri, na Espanha, há um ano.
Miguel Gutierrez nasceu em 1961 e é brasileiro com dupla cidadadnia espanhola. O executivo se formou em engenharia mecânia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Gutierrez começou a carreira na Americanas em 1993, quando a empresa ainda era comandada por Carlos Alberto Sicupira, um dos acionistas de referência da companhia e parte do trio 3G, ao lado de Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles.
O executivo assumiu a presidência da empresa em meados de 2003. Antes, passou por diversos setores e agradou os sócios da empresa por ter um perfil focado em estratégias para corte de custos nas operações, segundo informações da Bloomberg.
Com perfil discreto, Gutierrez deixou a empresa em dezembro de 2022, após 20 anos no comando. Durante esse período, fez raras aparaições públicas. Sergio Rial, ex-executivo do Santander, assumiu o cargo, mas ficou apenas nove dias, e pediu demissão após identificar as fraudes contábeis nos balanços da empresa.
Gutierrez é apontado pelas investigações da PF como um dos principais investigados no caso de fraude na empresa, sendo apontado por levantamento internos da Americanas como um dos ex-diretores envolvidos.
Na ação realizada pela PF na quinta-feira, cerca de 80 policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores das Americanas, localizadas no Rio de Janeiro.
Além disso, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores de todos ex-diretores investigados, que somam mais de R$ 500 milhões.
A investigação aponta que os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste em uma operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.